O último Censo realizado pelo IBGE revelou que Niterói enfrenta um paradoxo urbano, marcado por estagnação populacional e transformações sociais e territoriais profundas. Segundo dados analisados pelo economista e professor da Universidade Federal Fluminense Jorge Britto, a cidade apresenta crescimento seletivo, com aumento da população em comunidades de baixa renda e migração de classes médias para áreas valorizadas, como a Região Oceânica, que se tornou polo de negócios.
O levantamento evidencia desigualdades significativas de renda e ocupação, com a população branca recebendo quase três vezes mais que a população preta, e diferença salarial de 38% entre homens e mulheres. A Região Oceânica registrou crescimento populacional de 23% e aumento de domicílios em 40%, enquanto áreas centrais e comunidades de baixa renda enfrentam gentrificação, valorização imobiliária e desafios socioeconômicos.
A mobilidade urbana é outro ponto crítico. Cerca de 23,4% dos trabalhadores se deslocam para outros municípios, gerando congestionamento e longos trajetos diários. A infraestrutura existente não acompanha o crescimento residencial e econômico, demandando políticas integradas de transporte, como ciclovias e programas de tarifa zero, especialmente para populações de baixa renda.
Para Britto, Niterói precisa conciliar expansão e inclusão social, mantendo a infraestrutura adequada, preservando a qualidade de vida e reduzindo desigualdades históricas. O estudo mostra que sem políticas urbanas e sociais eficientes, os desequilíbrios territoriais e econômicos tendem a se acentuar, mesmo diante de população relativamente estável.


