Em ato inédito, EUA boicotam avaliação da ONU sobre direitos humanos no país

Data: 07/11/2025
Luan Leonardo


 Em um episódio sem precedentes, os Estados Unidos se recusaram a participar da Revisão Periódica Universal (RPU) do Conselho de Direitos Humanos da ONU, mecanismo responsável por avaliar a situação dos direitos humanos em todos os países-membros. Pela primeira vez desde a criação do sistema, em 2006, uma nação decidiu não apresentar seu relatório nacional nem comparecer à sabatina internacional.

De acordo com a coluna do jornalista Jamil Chade, do UOL, o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, justificou a ausência alegando “caráter tendencioso” do órgão internacional. Segundo Washington, o boicote é uma resposta à “persistente falha do Conselho de Direitos Humanos da ONU em condenar os violadores mais flagrantes dos direitos humanos”.

Decisão inédita gera críticas e isolamento diplomático

A recusa surpreendeu diplomatas e analistas internacionais. Segundo representantes de países aliados, a decisão da Casa Branca visa evitar o escrutínio internacional sobre questões internas, como denúncias de racismo, violência policial e políticas migratórias consideradas abusivas.

Para especialistas, o gesto simboliza um afastamento dos Estados Unidos das estruturas multilaterais e coloca em risco a credibilidade do próprio sistema de monitoramento global de direitos humanos.

Reação internacional e pressão sobre Washington

Mais de 150 organizações não governamentais apresentaram relatórios com críticas à política de direitos humanos dos EUA, mas o debate foi adiado após o boicote. O Conselho de Direitos Humanos da ONU, reunido em Genebra, aprovou uma resolução classificando o ato como “não cooperação” e decidiu remarcar a revisão para 2026. A ONU também pediu que o governo Trump reavalie sua posição. Ainda conforme a reportagem, caso Washington mantenha o boicote, o Conselho poderá adotar medidas formais contra o país.

ONGs alertam para risco de precedente perigoso

A entidade Human Rights Watch expressou preocupação com o impacto da decisão norte-americana. “Nenhum Estado-membro da ONU deixou de ser avaliado desde a criação da Revisão Periódica Universal, em 2006”, alertou a organização. Segundo a HRW, o boicote dos Estados Unidos pode incentivar outros governos a seguir o mesmo caminho, enfraquecendo o principal instrumento internacional de monitoramento dos direitos humanos.

Isolamento cresce em meio a tensões multilaterais

A recusa dos Estados Unidos em participar da sabatina ocorre em um momento de crescente tensão entre a Casa Branca e instituições multilaterais. O gesto reforça o isolamento diplomático de Washington e reabre o debate sobre o papel global do país na defesa dos direitos humanos. A decisão também marca mais um capítulo do confronto entre o governo Trump e a ONU, refletindo a postura de distanciamento em relação a acordos internacionais e organismos de cooperação global.

 

Por Brasil247

 


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