A INTELIS — União dos Profissionais de Inteligência de Estado da ABIN divulgou nesta quinta-feira (3) uma nota pública em resposta ao posicionamento da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), emitido no dia 27 de junho. A entidade expressou “perplexidade e indignação” diante da postura da ADPF, que, segundo os profissionais de Inteligência, preferiu adotar uma defesa corporativista a delegados indiciados por irregularidades graves na Agência Brasileira de Inteligência, ao invés de repudiar os desvios de conduta cometidos por seus próprios membros.
Entre os nomes citados estão os delegados Alexandre Ramagem, Luiz Fernando Corrêa e Paulo Lacerda, todos ex-diretores da ABIN e protagonistas de escândalos como a “Satiagraha”, a chamada “PF Paralela” e recentes denúncias de obstrução de justiça, coação, assédio moral e misoginia contra servidoras da própria agência.
A INTELIS ressalta que esperava da ADPF uma postura firme na defesa da legalidade e do uso responsável da máquina pública, além de solidariedade às mulheres vítimas de assédio — o que não ocorreu. Em vez disso, a associação teria ignorado questões sensíveis, como o vazamento de dados sigilosos, a exposição indevida de servidores e o comprometimento das relações diplomáticas do país.
O histórico de embates entre delegados da PF e servidores da ABIN remonta à disputa por protagonismo na área de inteligência. A Polícia Federal, embora tenha papel estratégico na repressão ao crime, não tem entre suas atribuições legais a condução da Inteligência de Estado — uma função distinta, voltada à análise, produção e proteção de informações sensíveis ao interesse nacional. Ainda assim, a direção da ABIN foi, em diversas gestões, ocupada por delegados da PF nomeados politicamente.
A INTELIS contesta essa prática e defende que o comando da agência seja exercido por quadros de carreira especializados. A entidade argumenta que, assim como a PF lutou por décadas para garantir a exclusividade do cargo de diretor-geral a delegados federais, os profissionais de inteligência devem ser os responsáveis por liderar sua própria instituição, sob critérios técnicos e meritocráticos.
“A experiência jurídica e investigativa de delegados não substitui a formação específica em Inteligência de Estado. Confundir investigação com inteligência é um erro perigoso, que já resultou em crises institucionais”, afirma a nota.
A entidade também critica o que considera um movimento expansionista da Polícia Federal, com tentativas de influenciar e ocupar cargos em outros órgãos estratégicos do Estado. Segundo a INTELIS, esse avanço vem causando desconforto não apenas entre os servidores da ABIN, mas em diversos setores da administração pública.
“A ADPF aceitaria que um profissional de inteligência chefiava a Polícia Federal, por melhor gestor que fosse? Por que não vemos delegados no comando do Itamaraty ou do Ministério da Defesa?”, questiona a nota.
Por fim, a INTELIS reforça que sua posição não se opõe à atuação da PF, mas busca preservar a integridade das instituições democráticas e evitar o desequilíbrio entre carreiras públicas. A entidade cobra respeito às atribuições legais de cada órgão e ética no serviço público, afastando o que chamou de “falsa ideia de supremacia de qualquer grupo sobre os demais servidores do Estado brasileiro”.
Por Gazeta Rio
Nota pública da INTELIS critica defesa da ADPF a delegados acusados de irregularidades na ABIN
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