Praia do Peró, em C. Frio, terá fazenda marinha

Grupo vai investir R$ 420 milhões na produção dos frutos do mar - Foto: Divulgação

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Até o fim do ano, após a flexibilização dos voos da Europa para o Brasil, técnicos espanhóis, da Galícia, chegarão ao Rio para montar, a 2,5 quilômetros da Praia do Peró, em Cabo Frio, a maior fazenda marinha do Brasil. Para produzir mexilhões, ostras e coquilles (molusco servido em pasta numa casquinha como a de siri, apresentação que nos restaurantes recebe o nome de Saint Jacques), ao grupo Mexilhões Sudeste Brasil (MSB) vai ocupar uma área no mar equivalente a 200 campos de futebol, com investimento de R$ 420 milhões e previsão de produzir 35 mil toneladas das iguarias por ano, com duas colheitas, para abastecer os mercados do Rio, de São Paulo e Minas Gerais com mexilhões frescos.

A última licença ambiental, a 01/2020, do Ministério da Agricultura, autoriza a cessão de uso no Oceano Atlântico para a MSB explorar a fazenda marinha do Peró por 20 anos. O grupo já tem as licenças do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e da Marinha, liberadas após as audiências públicas convocadas pelo Ministério Público Federal (MPF). Com tecnologia inexistente no Brasil, a fazenda será montada pelo mesmo grupo que produz mexilhões há 60 anos na Galícia, um dos líderes mundiais na produção da iguaria.

"A área de Cabo Frio é única na América do Sul, com temperatura da água fria, clima subtropical prevalente e outras qualidades ambientais que permitem o cultivo de mexilhões de altíssima qualidade", informa José Manuel Perez, diretor administrativo da MSB.

As características físicas, bioquímicas e de ressurgência são parecidas com as da Galícia. Com todas as licenças liberadas, estamos prontos para começar a montagem e a produção com equipamentos produzidos no Brasil. - anunciou o José Manuel Perez, diretor administrativo da MSB.

Segundo Perez, a fazenda marinha do Peró será usada pela como modelo pela Food and Agriculture Organization (FAO), agência da Organização das Nações Unidas organismo da (ONU) para alimentação e agricultura, como modelo para a América Latina. A fazenda, que já está nas cartas náuticas, não representará risco à navegação e afastará da costa do Peró as traineiras que fazem pesca industrial e que prejudicam os pescadores artesanais de Cabo Frio. Há previsão de visita de turistas ao local de produção:

"As traineiras fazem arrastam no fundo do mar, dizimando com malha fina todas as espécies da região", explica Perez. Os barcos de arrastão não vão poder se aproximar da área de cultivo, ao contrário dos pescadores artesanais. O local será um porto seguro para as espécies marinhas, que terão também os microrganismos dos mexilhões para se alimentarem. Muitos cardumes vão sair dali. A fazenda vai converter o Brasil em uma referência mundial na aquicultura ecológica", previu Perez, acrescentando que a MSB dará apoio ao projeto Bandeira Azul, levando wi-fi para a orla, e patrocinará o Festival do Marisco do Peró.

O diretor da MSB explicou que as poitas (âncoras de concreto) servirão de abrigos, tipo arrecifes artificiais, para gerar uma fauna marinha com uma grande diversidade.

No auge da produção, a fazenda marinha vai oferecer 500 empregos diretos e 1.500 indiretos. O projeto prevê a promoção de atividades culturais de âmbito local, incentivo ao turismo gastronômico e apoio à conservação ambiental das áreas protegidas.