Alerj lembra dez anos da CPI das Chuvas na Região Serrana

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Nesta segunda-feira (11/01) completam-se 10 anos da maior tragédia climática da história do país, que atraiu com tristeza os olhos do mundo para a Região Serrana fluminense. Em janeiro de 2011, as cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, entre vários outros municípios, foram castigados por chuvas de proporção secular, como descreveu o deputado Luiz Paulo (Cidadania). Engenheiro civil, ele presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) que durante seis meses ouviu especialistas e governantes, analisou documentos e visitou os locais atingidos para apurar as causas naturais e humanas do desastre. Em seu relatório final, a CPI apontou problemas estruturais e de planejamento, que contribuíram para a gravidade dos efeitos das chuvas.

"Por ser engenheiro civil, já trabalhei com muitas tragédias durante chuvas no verão. É um tema recorrente, mas jamais vi na vida uma como aquela de 2011 porque teve uma característica atmosférica absolutamente fora de rotina", contou o parlamentar sobre a chuva de volume recorde que vitimou quase mil pessoas e deixou outras milhares desabrigadas, de acordo com os números oficiais. "Jamais vai sair da minha cabeça o impacto que sentimos logo no primeiro dia de visitas, quando vimos os cenários devastadores na cidade, localidades destruídas, famílias destroçadas e muita dor no olhar daquelas pessoas que tinham perdido tudo", lembrou com pesar o deputado Marcus Vinícius (PTB), que também integrou a comissão.

O relatório final da CPI deu destaque para problemas como a presença de casas irregulares em encostas, assim como nas margens de rios - o que revela a carência de um sistema de defesa civil e de políticas habitacionais. O colegiado também apontou falhas na ação do poder público na retirada da população das áreas de risco durante a tragédia e até mesmo denúncias de corrupção nos contratos emergenciais para recuperar as cidades fizeram parte do documento final. "Essa foi a tragédia brasileira dentro dessa catástrofe. Aconteceu nessa ocasião, aconteceu na tragédia da pandemia", criticou Luiz Paulo.

O documento fez recomendações e sugestões a diferentes órgãos e ao próprio Governo do Estado, incluindo a continuidade das investigações sobre o mau uso dos recursos públicos, o mapeamento geológico-geotécnico de encostas e áreas de risco e a formulação de acordos com a União para a criação do "Centro Nacional de Prevenção de Catástrofe". "Uma das grandes contribuições deixadas foi o projeto que criamos em parceria com o Ministério Público para coibir a ocupação irregular em áreas de risco", completou o deputado Marcus Vinicius.