Parque Paleontológico de São José: ação integrada entre secretarias iniciará revitalização do sítio arqueológico

Na quarta-feira (13/01), uma ação integrada entre as secretarias de Meio Ambiente, Turismo e Cultura vistoriou as instalações do sítio arqueológico, no distrito de Cabuçu, para levantar as principais demandas necessárias para o retorno das visitações - Foto: Divulgação

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Logo na entrada, os secretários de Cultura, Roberto Costa, de Turismo, Uilton Viana, e de Meio Ambiente, Sheila Rodrigues, se depararam com o abandono do parque sem grandes reformas há mais de 12 anos. Na vistoria, constataram a falta de manutenção nos jardins – como mato alto, acúmulo de resíduos e até uma infestação de caramujos – problemas de infraestrutura nas instalações e péssimo estado de conservação dos acervos científicos e históricos.

Guiados pela administradora e moradora há mais de 30 anos da região, Rita de Cássia, os secretários puderam ouvir que nem sempre foi assim: “O parque atraía muitos visitantes. Recebíamos grandes grupos escolares e já tiveram aqui importantes descobertas científicas brasileiras. A ossada da preguiça-gigante (que se perdeu no incêndio do Museu Nacional em 2018) foi encontrada aqui, minhas filhas cresceram influenciadas com essa atmosfera de conhecimento, tanto que hoje uma se formou em História e a outra em Biologia”, contou Rita de Cássia, que espera voltar a receber os visitantes.

Não demorará muito para realizar o desejo da administradora e de toda população de Itaboraí. O planejamento da Prefeitura é criar um cronograma de ações para formalizar os projetos, implementar parcerias e, assim, desenvolver a revitalização do parque com ações integradas das três secretarias. A pasta de Meio Ambiente ficaria responsável pela parte de manejo, preservação ambiental e pesquisa científica. Já as secretarias de Cultura e Turismo comandariam o desenvolvimento de preservação do patrimônio, projetos de visitação educacionais e acervo.

“Temos um acervo único na América Latina que não pode ficar parado. Vamos juntar esforços para reabrir o parque e trabalhar todas as vertentes: turismo científico, histórico e ambiental”, disse Uilton Viana, Secretário de Turismo.

História

Em 1928, um fazendeiro achou pedaços de rocha que considerou interessantes. Levou para análise e descobriu que se tratava de calcário. Com isso, a área foi vendida para a Companhia Nacional de Cimento Mauá, que aproveitou o material na construção da Ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói) e do Estádio Mário Filho (Maracanã). A fábrica foi visitada por grandes personalidades, incluindo alguns presidentes da república, sendo considerada uma das experiências mais bem-sucedidas de fabricação de cimento no país.

Com a exploração mineral, descobriram-se vestígios arqueológicos. E quando o calcário terminou, em 1984, restou uma depressão de 70 metros, que foi progressivamente coberta com água da chuva e de veios subterrâneos, erguendo um grande lago. Seis anos depois, em 1990, a Prefeitura Municipal de Itaboraí declarou a área de utilidade pública, através de um processo de desapropriação. Com isto, em 1995, nascia o Parque Paleontológico de São José, eleito pela Comissão Brasileira de Sítios Geológicos e Paleobiológicos (Sigep), órgão ligado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), um dos patrimônios da humanidade.