Microbiota, a população bacteriana intestinal e o Covid

Coronavírus: dentre as causas que levam ao maior poder patogênico da infecção estão as doenças do sistema imune. A patogenicidade do vírus se caracteriza por um bloqueio da resposta imune - Foto: Pixabay

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A microbiota entérica (do intestino) participa na modulação da função digestiva, da imunidade do indivíduo e da interação destas funções com o cérebro. A perturbação na comunidade complexa da microbiota parece influenciar o eixo do intestino-cérebro pela modulação do sistema sensorial neuroendócrino e neuro-imunitário.

O sistema nervoso entérico (ENS), também chamado de "segundo cérebro", é capaz de funcionar independentemente, sem intermediação do sistema nervoso central (SNC). Consiste em um número estimado de 100 milhões de neurônios, dispostos em dois plexos ganglionares. Existe uma relação interdependente complexa entre o sistema imune do intestino, seu microbioma e o ENS.

Nosso segundo cérebro: os neurônios dos intestinos são nosso segundo cérebro.

Embora tenha sido uma crença amplamente aceita de que as células humanas são superadas em número por microrganismos, em nosso organismo, principalmente pela população bacteriana entérica, nosso microbioma, por uma razão de 1:10, a literatura recente mostra que a proporção está mais próxima de 1:1. Isso, no entanto, não diminui o importante papel da microbiota em nossos corpos.

Papel do eixo Microbiota-Intestino-Cérebro

A microbiota e o sistema nervoso central interagem em uma relação bidirecional interligada pelo eixo do intestino-cérebro. Este eixo também é influenciado pelo sistema imunológico, sistema nervoso entérico, eixo hipotalâmico-hipofisário-adrenal e nervo vago.

A microbiota, vivendo em harmonia com os tecidos humanos, tem vários papéis sinérgicos. Embora a composição exata da microbiota possa diferir entre os indivíduos, uma vez que cada indivíduo possui sua própria assinatura de microbioma, seu papel funcional na homeostase e desenvolvimento é onipresente para todos os seres humanos.

Você sabia que sua flora intestinal é única e pode ser chamada de assinatura entérica

Desde a ajuda na digestão até a proteção contra microrganismos patogênicos, a microbiota intestinal tem desempenhado um papel importante na manutenção da imunidade e da homeostase. Recentemente, estudos mostraram que uma das principais correlações com o eixo do intestino-cérebro vem da microbiota, levando à cunhagem do termo "eixo
cérebro- -microbiota-intestino".

Essa interação é bidirecional, o que significa que a perturbação na comunidade complexa da microbiota (disbiose) pode afetar os intestinos, o sistema imunológico e o cérebro e vice-versa. Os mecanismos subjacentes de sinalização para essas redes comunicantes entre a flora intestinal e o eixo intestino-cérebro têm sido de especial interesse para pesquisadores que buscam possíveis intervenções terapêuticas.

Diarreias prolongadas mudam a composição de sua flora intestinal

O risco de alteração nesse equilíbrio aumenta muitas vezes se o indivíduo apresenta doença predominantemente diarreica que dure mais de 3 semanas. O fluxo diarreico leva a uma perda substancial de bactérias e com isto ocorre uma profunda alteração na composição da microbiota entérica. Se por um lado perde-se flora saprófito por outro aumentam as bactérias patogênicas causadoras da diarreia. Decorre desta doença entérica, reação inflamatória na parede intestinal, com o envolvimento do sistema imunológico, resultando em aumento de linfócitos do tipo inflamatório.

Mudando a flora, muda sua ação no eixo flora intestinal e resposta imune, com consequente mudanças na interação do sistema nervoso entérico com o cerebral. Dependendo da gravidade da mudança aparecem sintomas digestivos e no sistema nervoso central. Consulte seu médico.

Mudanças no microbioma e a infecção pelo Covid

Dentre as causas que levam ao maior poder patogênico da infecção - Covid 19, estão as doenças do sistema imune, pois a patogenicidade do coronavírus se
caracteriza por um bloqueio da resposta imune do indivíduo. Dentre estas doenças destacamos a imunossenescência e a velhice, a obesidade, a hipertensão, as doenças cardíacas, as doenças hematológicas, as doenças pulmonares crônicas, as doenças crônicas que levam à desnutrição e também as doenças digestivas crônicas, que interferem com o sistema imune.