Covid na gestação: cuidado redobrado

Cidades
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A pandemia atual pelo coronavírus pode ser observada causando sintomas como o "resfriado comum" em pessoas saudáveis. A transmissão ocorre principalmente através de contato próximo via gotículas respiratórias, geralmente ocasionando febre, tosse, náusea, vômito, diarreia, porém podendo evoluir para pneumonia grave que requer ventilação mecânica.

A pneumonia, independentemente da etiologia, é a infecção não obstétrica mais comum durante a gravidez e representa uma importante causa de morbimortalidade entre as gestantes. As alterações anatômicas no organismo da gestante e puérpera, como elevação do diafragma e vasodilatação da mucosa, reduzem sua tolerância à hipóxia e, associadas às mudanças fisiológicas, levam a uma predisposição por infecções graves respiratórias.

Nesse contexto, muitas questões surgem e, entre elas, se os sintomas da COVID-19 são mais graves nas gestantes em comparação com o restante da população. Os estudos até o momento relataram que mulheres grávidas podem estar mais suscetíveis a apresentarem sintomas mais graves de COVID-19 e os resultados mais graves na gravidez, uma vez que as alterações metabólicas e vasculares fisiológicas da gestação podem exacerbar a apresentação clínica da COVID-19, com riscos mais elevados de complicações na gravidez. Sendo assim, as gestantes devem manter os cuidados redobrados para evitar contaminação, pois seu adoecimento grave, como em qualquer doença sistêmica importante, pode comprometer a saúde fetal.

Causada pela infecção por SARSCoV-2 nas vias aéreas, a Covid-19 tem apresentado maior risco para gravidade em portadores de doenças crônicas, como cardiopatias, hipertensão arterial e diabetes. Porém, o Ministério da Saúde (MS) brasileiro incluiu gestantes, puérperas e mulheres após aborto no grupo de alto risco de gravidade devido a imunidade e a baixa tolerância à hipóxia.

Ao longo da gestação podem ocorrer mudanças fisiológicas na respiração, incluindo aumento de secreções e congestão nas vias aéreas superiores, aumento da circunferência da parede torácica e deslocamento para cima do diafragma. Essas alterações resultam em diminuição do volume residual e aumento do volume corrente e aprisionamento de ar, diminuição ligeira da resistência das vias aéreas, capacidade de difusão estável, aumento da ventilação por minuto e aumento da quimiossensibilidade ao dióxido de carbono, resultando em quadro de dispneia fisiológica (desconforto respiratório) e alcalose respiratória.

Além disso, durante a gravidez, o trato respiratório superior tende a ficar edemaciado por um alto nível de estrogênio e 18 progesterona, e a expansão pulmonar restrita torna a gestante suscetível a patógenos respiratórios.

A transmissão do SARS-CoV-2 pode ocorrer pelo contato direto, indireto ou próximo com pessoas infectadas. O contágio direto ocorre através das secreções respiratórias expelidas contendo gotículas e aerossóis contaminados pelo vírus, que, transportados pelo ar, podem alcançar a mucosa oral, nasal ou ocular de pessoa suscetível, enquanto o indireto acontece quando ao tocar objetos ou superfícies contaminadas por gotículas respiratórias o indivíduo suscetível em seguida toca o rosto, boca, nariz ou olhos. As gotículas (partículas de maior tamanho) e aerossóis (partículas menores), podem ser expelidas ao tossir, espirrar, falar ou cantar, como também através de procedimentos médicos, como intubação, nebulização e coleta de material de via aérea superior e inferior.

Devido às alterações fisiológicas em seus sistemas imunológico e cardiopulmonar, as mulheres grávidas são mais propensas a desenvolver doenças graves após infecção por vírus respiratórios. As gestantes infectadas pelo SARS-CoV-2 podem manifestar sintomas mais graves que mulheres não grávidas.

O quadro clínico observado em pacientes grávidas com COVID-19 é amplamente variável, desde a ausência de sintomas a quadros graves e potencialmente fatais.

Em grande parte dos casos, o curso da doença costuma ser leve, mas 20% aproximadamente evolui para formas graves. Os sintomas mais frequentes são: febre acima de 38ºC (90%), tosse (76%), mialgia (44%), expectoração (28%), cefaleia (8%), diarreia (3%), odinofagia, e em menor proporção, dificuldade respiratória e cansaço.

Com essa finalidade, o Ministério da Saúde recomenda o uso da classificação de gravidade do Covid-19, nas gestantes, para que as medidas necessárias sejam tomadas. Além disso, cinquenta por cento das mulheres precisaram antecipar o parto, resultando em uma alta taxa de partos prematuros.

Apesar da necessidade de ser mantidos os cuidados necessários devido a pandemia, a gestante deve estar atenta para procurar a unidade de saúde onde vem sendo acompanhada, para que na suspeita de infecção pelo COVID 19,as medidas necessárias sejam aplicadas, para tratamento da gestante e seu feto, garantindo uma melhor evolução materno fetal.