Hemorio estuda tratamento de covid-19 com plasma de vacinados

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Participam do estudo pacientes do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul

O Instituto de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti (Hemorio), vinculado à Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ), inicia nesta semana a coleta de plasma (parte líquida do sangue) de doadores que tenham recebido as duas doses de vacina contra a covid-19, há pelo menos 14 dias.

O plasma coletado será usado em estudo inédito denominado Immuneshar, que vai testar uma nova opção de tratamento contra o novo coronavírus. O material será aplicado em pacientes maiores de 40 anos com covid-19 e que estejam na fase inicial da doença, disse ontem o diretor do Hemorio, Luiz Amorim.

O estudo será feito em conjunto com a PUC do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), SES-RJ, Hospital Virvi Ramos (RS), Secretaria Municipal de Saúde de Caxias do Sul e Universidade Feevale (RS).

Essa é a primeira pesquisa multicêntrica do país a utilizar o plasma doado por pessoas com o esquema vacinal completo, para tratar pacientes no estágio inicial da doença. O projeto tem financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

De acordo com o Hemorio, a técnica de usar o plasma convalescente, também chamado plasma hiperimune, foi adotada durante a epidemia da Gripe Espanhola, em 1918 e, segundo os pesquisadores, pode ser uma esperança para o tratamento do novo coronavírus, principalmente nos casos leves e moderados. Eles acreditam que como a vacina produz um tipo específico de anticorpo, em tese mais eficiente no combate ao vírus, o tratamento com o plasma pode reduzir as taxas de internação dos pacientes.

Luiz Amorim informou que serão tratados 380 pacientes, maiores de 40 anos, atendidos em UPAs da rede de saúde do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, que tenham confirmado a infecção pelo novo coronavírus, que estejam no máximo no terceiro dia de sintomas, sem necessidade de internação hospitalar e que concordem em participar da pesquisa.

Desse total, metade receberá a transfusão de plasma, para que possa ser feita análise comparativa da eficácia do produto. A escolha dos pacientes que receberão o plasma ou farão o tratamento padrão será aleatória, por sorteio. Esse é um procedimento padrão em pesquisas, afirmou o diretor do Hemorio. Elas terão que assinar um termo de consentimento para participar do estudo e vão se recuperar em casa, com acompanhamento dos pesquisadores.

Resultados - Luiz Amorim estimou que o estudo deverá ser concluído em até três meses. Os resultados serão avaliados em conjunto por todas as instituições envolvidas no projeto. "Quanto mais centros estiverem participando, mais rapidez teremos nos resultados", disse o diretor do Hemorio.

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