O futuro bate à porta

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Charbel Tauil Rodrigues*

A prefeitura de Niterói anunciou na última semana o lançamento da Moeda Social Arariboia, cujo projeto seguirá para apreciação do Legislativo. Como de hábito, a iniciativa não foi debatida previamente: o Executivo municipal insiste em medidas resolvidas a portas fechadas, sem nenhuma discussão com a sociedade nem com as entidades da sociedade civil diretamente vinculadas ao assunto, seja ele qual for. Mas de pronto, e pelo pouco que já soubemos, vemos como péssima a iniciativa da "Moeda Social": essa prática de meramente se distribuir auxílios à população é algo totalmente populista e, em geral, com contornos eleitoreiros.

Um sinal preocupante, aliás, é que a prefeitura conta com uma secretaria de Desenvolvimento Econômico, que estava e continua muda a respeito do tema. Nossa desconfiança se agrava justamente pela falta de transparência na formulação, somada à escassez, até o presente momento, de detalhes sobre como o "novo sistema" irá funcionar. Como serão, exatamente, os critérios para seleção dos beneficiados? Quem acompanhará a triagem? E quem fará a auditoria dos procedimentos? Quem ingressar na cobertura do programa poderá vir a ser desligado? Como, quando e por quais motivos?

Quem sabe, se a prefeitura tivesse descido do seu pedestal e conversado com todas as entidades representativas do Comércio e de Serviços, poderia ter esclarecido previamente essas questões. E mais: se tivesse abertura para o diálogo democrático, teria ao menos ouvido de nossa parte não apenas críticas, mas também sugestões. Temos, por exemplo, a proposta de criação de uma agência de fomento, assim como estudo de uma cooperativa de crédito voltada para as Micro Empresas Individuais (MEIs), utilizando estrategicamente os royalties do petróleo. E por aí vai.

Nós, do Sindilojas, estamos efetivamente preocupados com a adoção e implementação de iniciativas com efetivo potencial de impactar nos rumos do desenvolvimento econômico de Niterói.

Nosso município precisa de intervenções consistentes, estruturantes, que o deixem preparado para florescer como bom ambiente residencial e de negócios. O futuro bate à nossa porta: daqui a pouco tempo, os hoje fartos royalties irão minguar e depois sumir, deixando cada cidade por sua própria conta e risco. E as futuras gerações haverão de perguntar: afinal, o que aquela turma pensava da vida, quando havia dinheirama farta e fácil nos cofres da prefeitura? Não prepararam nada consistente para o desenvolvimento econômico local? Desperdiçaram tempo e recursos apenas fazendo aparições nas mídias?

Tenham certeza, senhores: daqui a alguns anos, estas respostas serão cobradas da atual geração de adultos. Duramente cobradas.

Em suma: de nossa parte não cremos que, em termos de desenvolvimento, seja possível avançar - avançar de verdade - com uma dieta à base de medidas populistas e demagógicas que, por mais simpáticas que possam parecer, não têm o condão de alterar os rumos da economia local.