Prematuridade: como prevenir

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De acordo com o Ministério da Saúde, 340 mil bebês nascem prematuros todo ano, sendo que a principal causa de morte de menores de 5 anos são as complicações do parto prematuro. A assistência ao pré-natal é de extrema importância para a redução da morbidade e da mortalidade infantil, pois permite o rastreio e tratamento das patologias pré-existentes, reduzindo os riscos de infecção do feto.

A infecção do trato urinário (ITU) é uma das afecções que acometem as mulheres, portanto, deve ser rastreada várias vezes durante o acompanhamento pré-natal. A ITU não tratada durante a gestação está associada com o maior risco de prematuridade, baixo peso ao nascer e maior mortalidade no período neonatal.

Após o nascimento de crianças pré-termo, a equipe responsável pelo caso deve monitorar o recém-nascido, atentando-se a anormalidades, como as neurológicas, cardíacas e respiratórias. Dentre elas, ressalta-se a hemorragia intracraniana, capaz de provocar hidrocefalia e impedir o desenvolvimento neural adequado.

Algumas vezes pode acontecer uma complicação neurológica nos recém-nascidos prematuros que é a hidrocefalia. A conduta adequada frente a casos de hidrocefalia é a colocação neurocirúrgica de sistemas de drenagem liquórica, como a derivação ventrículo peritoneal (DVP) ou a derivação ventricular externa (DVE). Todavia, a inserção do cateter da derivação torna o sistema nervoso central (SNC) mais suscetível a infecções, além da consequente instalação de um quadro de ventriculite. Nos casos em que o tratamento antimicrobiano da ventriculite é ineficiente, há uma complicação rara que pode ser encontrada: o abscesso cerebral.

As crianças internadas por conta da prematuridade, apresentam um maior índice de infecções, sendo necessário uma monitorização contínua para prevenção e tratamento adequado sempre que necessário.

O crescimento fetal é contínuo, portanto, a interrupção da gestação antes do momento adequado pode ter diversas consequências, incluindo o óbito. Todavia, mesmo com a melhora da saúde pública brasileira e os avanços da medicina, a prematuridade aumentou no país nos últimos dez anos.

No Brasil, aproximadamente 11,5% dos recém-natos são prematuros, sendo que 74% são prematuros tardios. Na maioria dos casos a causa da prematuridade é desconhecida, entretanto, alguns fatores podem contribuir para o seu aparecimento, como a idade materna avançada, infecções gestacionais, primiparidade, prematuridade em gestação anterior, gemelaridade, pré-natal não realizado ou incompleto, diabetes gestacional, anomalia congênita, pré-eclâmpsia, história de violência doméstica, altura da mãe menor que 1,45 m, tabagismo, baixo nível socioeconômico, depressão, estresse, mãe com baixo índice de massa corpórea, uso de técnicas de reprodução assistida, mãe com história de aborto provocado, sangramentos vaginais no segundo trimestre, anomalias uterinas e polidramnia.

O acometimento do trato respiratório é responsável por uma significativa parcela dos óbitos.

Dentre as infecções gestacionais que podem levar à prematuridade temos a infecção do trato urinário. O relaxamento da musculatura perineal permite a ascensão bacteriana, o que resulta em mais casos de ITU e maior progressão para pielonefrite.

A presença de disúria (dor ou dificuldade para urinar) durante o período gestacional sugere o diagnóstico de cistite aguda, que cursa da mesma maneira do que na mulher não grávida. Além da dor ao urinar, a paciente pode apresentar febre e calafrios, dor no andar inferior do abdômen e poliúria. Tal patologia deve ser abordada pela equipe médica, para que a paciente realize uma urocultura para identificação do agente etiológico e inicie o tratamento o mais breve possível. Após o término da terapia antimicrobiana, a gestante deve realizar uma nova urinocultura, pois apenas a negativação laboratorial confirma a efetividade do tratamento. A ausência de tratamento facilita a aquisição do patógeno pelo recém-nascido, pela forma vertical ou pela ascensão bacteriana. As bactérias colonizadoras do períneo materno ascendem pelo canal vaginal, chegando no saco aminótico e contaminando o líquido amniótico (LA), previamente estéril.

Dessa forma, o recém-nato fica mais suscetível a quadros de pneumonia, meningite e bacteremia, doenças responsáveis por 23,4% das mortes neonatais por sepse anualmente, sendo que esses níveis não apresentaram redução significativa na última década. Dentre os diagnósticos diferenciais da ITU, deve-se levar em consideração vaginites bacterianas e uretrites. Nesses casos, o tratamento com antibióticos e a testagem para infecções sexualmente transmissíveis são fundamentais.

Necessidade de consultas no pré-natal

O acompanhamento pré-natal, realizado por profissionais treinados, é de extrema importância para a saúde pública, e sua realização deve ser incentivada para a prevenção e tratamento de patologias maternas e neonatais antes e depois do parto.

Não podemos deixar de levar em consideração a dificuldade de acesso ao serviço de saúde em determinadas localidades e as diversas atribuições da mãe, que também muitas vezes precisa cuidar de outros filhos. Por essa razão, é fundamental garantir o acompanhamento das gestantes a longo prazo e realizar busca ativa daquelas que não comparecerem às consultas. A profilaxia das infecções na gestante reduz a incidência e a prevalência das complicações maternas e neonatais.