Rio: Dr. Jairinho está cada vez mais perto de perder mandato

Parlamentar foi preso acusado da morte do menino Henry, de quatro anos de idade, filho de sua namorada - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

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O vereador Luiz Ramos Filho (PMN), relator no Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro do processo contra o vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), apresentou ontem (18) o seu relatório final pela procedência da denúncia, indicando a cassação do mandato do parlamentar por quebra de decoro.

A partir de agora, a defesa de Jairinho terá cinco dias para apresentar suas alegações finais. Após esse prazo, o conselho voltará a se reunir para deliberar sobre o processo. Se for aprovado, ele é remetido ao plenário para a votação definitiva.

Prisão - O vereador está preso desde 8 de abril, assim como a namorada dele, Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, de 4 anos de idade, que, segundo as investigações, teria sido morto por Dr. Jairinho, após sofrer espancamento no apartamento onde morava com o casal, no Rio de Janeiro. Eles foram denunciados por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, tortura e impossibilidade de defesa da vítima), além de coação e fraude processual. Dias depois, a justiça transformou a prisão temporária de 30 dias do casal em prisão preventiva.

Relatório - No relatório, que teve como base o inquérito policial sobre a morte do menino Henry Borel e o depoimento por escrito do executivo da rede d'Or [hospital], Pablo Menezes, o vereador Ramos Filho entende que há elementos para a cassação do mandato.

"A ligação do Dr. Jairinho para o executivo do hospital para evitar que o corpo do menino Henry fosse periciado pelo Instituto Médico Legal caracteriza quebra de decoro a ser punido com a perda do mandato", explicou.

O vereador Alexandre Isquierdo (DEM), presidente do Conselho de Ética, afirmou que a Câmara do Rio agiu de forma célere, com responsabilidade, respeitando todos os prazos e o direito à ampla defesa do acusado.

De acordo com Isquierdo, a expectativa é que a votação definitiva em plenário ocorra no dia 29 de junho.

"O parlamento agiu desde o primeiro dia em que veio à tona o diálogo da professora Monique Medeiros [mãe de Henry] com a babá, que deixou todos nós estarrecidos e chocados. Com certeza esse parlamento dará uma resposta à sociedade", disse.

Próximos passos - Após a entrega das alegações finais, em até cinco dias úteis, o parecer do relator é submetido à deliberação do Conselho de Ética, considerando-se aprovado se obtiver a maioria absoluta dos votos dos seus integrantes.

Caso o conselho vote favorável à denúncia, o processo é transformado em Projeto de Resolução e encaminhado à Mesa Diretora, para ser incluído na ordem do dia.

A perda de mandato é deliberada em votação aberta no plenário, com direito ao pronunciamento dos parlamentares e da defesa durante a sessão, decidida por dois terços dos 51 vereadores, num total de 34 votos. A sessão está prevista para o dia 29 deste mês.

O Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio de Janeiro é formado pelos vereadores Alexandre Isquierdo (presidente), Rosa Fernandes (vice-presidente), Dr. Rogério Amorim (secretário), Chico Alencar (PSOL), Zico (Republicanos), Teresa Bergher (Cidadania) e Luiz Ramos Filho (PMN). Completam o grupo, como suplentes, os suplentes Vitor Hugo (MDB) e Wellington Dias (PDT).

Registro suspenso- No dia 10 deste mês o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) suspendeu o registro profissional do médico e vereador Dr. Jairinho.De acordo com o Cremerj, a suspensão é um recurso para proteger a população e assegurar a boa prática médica.

Paralelamente, o processo contra Dr. Jairinho está em andamento e corre em sigilo, seguindo as normas do Código de Processo Ético Profissional. As punições previstas em lei vão desde advertência até cassação definitiva do registro profissional.