Planejamento responsável, retomada estratégica

Bira Marques, secretário Executivo de Niterói - Foto: Divulgação

Niterói
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Bira Marques*

A Covid-19 estremeceu os alicerces da economia de todo o mundo, acentuando as desigualdades sociais de forma brusca e acelerada. São muitos os desafios que os governantes têm em comum diante dessa pandemia, sobretudo nos estados e municípios brasileiros, mas lutar contra a pobreza extrema está no centro. Essa condição deve atingir 19,3 milhões de pessoas no Brasil, de acordo com uma pesquisa da Universidade de São Paulo.

O aumento do desemprego, a diminuição da atividade econômica e a queda da arrecadação são apenas alguns dos reflexos em escala global da crise provocada pela pandemia. No primeiro trimestre deste ano, o estado do Rio atingiu um recorde histórico de 1,6 milhão de desempregados, como aponta o IBGE. Reverter esse cenário exige um esforço conjunto imediato para tornar as cidades mais justas socialmente e inclusivas. É hora de detectar e explorar potenciais, implementar políticas públicas que levem ao caminho da geração de emprego e renda, além de investir na capacitação e educação para diminuir o fosso que a Covid-19 provocou. Apesar de tão desafiador, o atual contexto da pandemia representa uma oportunidade histórica de reflexão sobre o modo como as cidades estão sendo pensadas.

Em Niterói, o planejamento estratégico e o uso responsável dos recursos permitiram construir um caminho menos traumático. A cidade já é vista como modelo e referência no enfrentamento aos impactos econômicos e sociais da pandemia, resultado de programas de apoio pioneiros, como o Renda Básica Temporária, que auxilia 50 mil famílias em maior vulnerabilidade com R$ 500 mensais, e o Empresa Cidadã, iniciativa que vem preservando 24 mil postos de trabalho.

Esses projetos já surtem efeitos. Neste ano, em meio à pandemia, foram mais de 870 novos postos de trabalho na cidade, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Niterói também é o município com a maior renda do estado: R$ 4.186,51, aponta a Fundação Getúlio Vargas (FGV), enquanto do outro lado da ponte o resultado da capital fluminense é 30% menor. É um panorama que dá a Niterói condições de sair na frente na retomada econômica, com vantagem na atração de investimentos e novos negócios.

Agora, Niterói dá um passo ainda maior na direção da geração de emprego e redução das desigualdades, com a criação da Moeda Social Arariboia, que será o maior programa de transferência de renda no Brasil. Demandando um investimento mensal de R$ 5,6 milhões, a iniciativa vai contemplar 27 mil famílias niteroienses em situação mais vulnerável. Em forma de cartão, a Moeda Arariboia poderá ser usada em estabelecimentos locais cadastrados, como padarias, pequenos mercados e hortifrutis, impulsionando a economia local, principalmente nas áreas mais vulneráveis da cidade.

O projeto também prevê bancos comunitários e a primeira agência fica na Vila Ipiranga, comunidade da Zona Norte de Niterói, gerando oportunidades de trabalho para moradores. Estimular a economia local e trazer as comunidades junto ao processo de desenvolvimento da cidade é avançar rumo à igualdade, justiça social e sustentabilidade. A Covid-19 criou um senso de urgência, mas também uma oportunidade de transformação. Precisamos aproveitar esse momento de crise para construir um novo cenário e, assim, alcançar o tão sonhado desenvolvimento pleno.