Pioneirismo salva vidas de crianças

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Rafaella Araujo Sena, de apenas 10 meses, precisou transplantar o fígado e contou com a doação de parte do órgão do seu pai, Rafael Araujo. Fábio Gomes de Alcântara, de 9 anos, nasceu com má-formação no trato urinário e também precisou de um transplante. As cirurgias aconteceram recentemente no Complexo Hospitalar de Niterói (CHN) e foram os primeiros procedimentos desse tipo realizados em hospital privado da região Norte-Leste Fluminense.

"No Brasil, existem poucos serviços habilitados e especializados em transplantes pediátricos, procedimentos ainda mais complexos se comparados com as cirurgias feitas em adultos por causa da anatomia da criança, principalmente em se tratando de pacientes com menos de 10 quilos. E o CHN está nesse seleto grupo de hospitais capacitados para a realização de cirurgias desse porte", comenta a médica Marcia Rejane Valentim, gerente do Setor de Transplantes do CHN, que foi a primeira unidade da rede privada do estado do Rio de Janeiro a realizar um transplante renal pediátrico.

Com apenas 2 meses de vida, Rafaella enfrentou um duro diagnóstico: era portadora de uma doença chamada atresia de via biliar, quando há ausência dos ductos biliares extra-hepáticos, e que pode evoluir para cirrose ou óbito caso não seja tratada precocemente. Entre os sintomas apresentados, ela possuía a pele amarelada (icterícia) e baixo ganho de peso.

Segundo a médica Marcia Angélica Valladares, hepatologista pediátrica do CHN e que cuidou de Rafaella, naquele momento, a substituição do órgão era a única solução para salvar a vida da pequena paciente. A cirurgia aconteceu no dia 24 de abril e foi considerada um sucesso. Rafaella recebeu 25% do fígado do seu pai e doador, Rafael Araujo. Ela pôde ir para casa no dia 17 de maio.

"Para curar essa doença, o transplante é a única alternativa terapêutica. E contar com a doação intervivos feita pelo pai melhorou muito a qualidade do procedimento e as chances de sucesso, que também são influenciadas pela aptidão da equipe cirúrgica, já que se trata de uma cirurgia extremamente delicada em uma paciente tão pequena", comentou a doutora Marcia Angélica.

Já o paciente Fábio Gomes de Alcântara, de 9 anos, nasceu com uma má-formação chamada válvula de uretra posterior, quando há uma obstrução da uretra que causa dificuldades para urinar e agravamento da condição renal.

De acordo com a doutora Thaís Cleto, nefrologista pediátrica do CHN e que acompanhou o caso, o transplante é a melhor alternativa de tratamento para devolver a qualidade de vida ao paciente. "O transplante renal é considerado uma terapia substitutiva renal e, no caso do Fábio, se não fizesse a cirurgia, ele ficaria dependente de diálise por toda a vida, limitando muito o seu bem-estar em razão da rotina desgastante desse tipo de tratamento", afirma a médica.

Fábio aguardou dois meses na fila para receber um órgão até conseguir o rim de um doador falecido. A médica Thaís explica que, ao entrar na lista, as crianças recebem uma pontuação de acordo com a compatibilidade do possível doador, e o transplante pediátrico tem prioridade.

A cirurgia de Fábio aconteceu no dia 16 de março e foi bem-sucedida. Depois de 10 dias de internação, ele recebeu alta hospitalar. Para Renata Gomes de Alcântara, mãe de Fábio, é fundamental que as pessoas conheçam a possibilidade do transplante pediátrico e como isso é importante para dar uma nova vida às crianças.

Mesmo com pouca idade, Rafaella e Fábio já têm grandes histórias de superação para contar. Os médicos explicam que eles levarão uma vida normal e crescerão sem sequelas; vão precisar apenas de acompanhamento médico periódico.