O Fenômeno Humano

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Dom José Francisco*

Toda dinâmica religiosa repousa no coração humano. Por isso, é preciso conhecer no homem quais são os elementos capazes de proporcionar esse fenômeno. Será possível pensar que existam condições antropológicas que permitam o encontro entre o eterno e o humano?

Essa é uma pergunta central em toda teologia que resvala a antropologia ou vice-versa: é praticamente um preâmbulo da fé. Para o infinito se revelar e ocupar um lugar no mundo foi preciso que, aqui, houvesse um finito capaz desse infinito, em condições de fazer contato e compor interação com ele. Nada disso seria possível se não houvesse no homem uma predisposição a permitir que o "totalmente outro" visitasse a sua existência, ainda que de maneira condicionada e parcial.

É isso que permite concluir como óbvia a comum pertença entre o infinito e o finito. No humano, porém, essa tensão é evidente: para compreendê-la é imprescindível conhecer esse lugar privilegiado de interação. Só lembrando: faz menos mal a ignorância total que a compreensão pela metade.

Em tudo existe um indício de eternidade que sempre procura se esconder, mas que fala em toda parte, sobretudo, quando abrimos os olhos. Finito e infinito existem onde quer que o olhar alcance. A mais antiga intuição demonstra que tanto na busca do rio pelo mar quanto na do homem por um sentido maior, existe a manifestação de uma mesma maravilhosa parceria entre Criador e criatura.

Tudo caminha da insatisfação à transcendência: no amor e na dor, na culpa e na doença, no sentir e no pensar, na calma e na violência, e até no sono, quando tudo se cala. Essa é a essência do fenômeno humano.

Como suportar essa duplicidade entre a finitude e o infinito?

Essa é a questão. Queremos ir atrás dela, como uma aposta, como um peixe que se debate em busca da correnteza.