Silêncio na CPI irrita senadores

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Alegando ser tratado pela CPI da Pandemia como investigado e não como testemunha, o coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida, presidente da ONG Instituto Força Brasil (IFB), permaneceu a maior parte do depoimento em silêncio quando questionado pelos senadores. Nas vezes em que ele abriu exceção e se manifestou no depoimento de terça-feira (10), disse que já estava com reunião confirmada com o Ministério da Saúde quando conheceu o reverendo Amilton Gomes de Paula, dirigente da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Religiosos (Senah) e os representantes da Davati Medical Supply, Cristiano Carvalho e Luiz Paulo Dominguetti.

Na condição de testemunha, o depoente foi beneficiado por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e recorreu mais de 50 vezes ao instrumento para não responder questões que poderiam incriminá-lo. A negativa gerou críticas dos membros da comissão.

"É verdade que o depoente tem o direito de permanecer calado, mas naquilo que o incrimine. O presidente da CPI tem o poder, sim, de dizer: "esta pergunta não o incrimina e eu gostaria de ouvir a sua resposta". E lá na frente podemos discutir na esfera judicial - observou a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Nas poucas manifestações, o coronel Helcio afirmou que o pedido de reunião com o Ministério da Saúde foi feito formalmente no dia 3 de março. O encontro aconteceu no dia 12 do mesmo mês para tratar sobre a inclusão da iniciativa privada na processo de vacinação no país. Segundo ele, foi a própria pasta que comunicou o compartilhamento da reunião com os demais participantes. O coronel da reserva disse que no dia 9 de março conheceu Amilton no Instituto Força Brasil, quando o reverendo informou a participação dos representantes da Davati na reunião e a apresentação da proposta de 400 milhões de doses da AstraZeneca ao ministério.

"Nesse sentido, imbuído de boa-fé e acreditando na seriedade da Davati a partir do pedido da Senah, aceitou-se compartilhar a agenda do IFB no Ministério da Saúde com a referida empresa. E foi somente nessa ocasião que vim a conhecer o senhor. Cristiano Carvalho e o senhor Luiz Paulo Dominguetti", disse o depoente.

De acordo com o depoimento do representante da Davati à CPI Cristiano Carvalho integrantes do Instituto Força Brasil o receberam em Brasília com o reverendo Amilton Gomes e teriam o ajudado a fazer essa ponto com o ministério.

Jantar - O tenente-coronel disse ainda que não tinha amizade e proximidade com o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, Elcio Franco. Ele também negou que estivesse presente em qualquer encontro, inclusive no jantar do dia 25 de fevereiro onde teria sido feito o pedido de propina de US$ 1 por dose para se avançar na negociação para as 400 milhões de doses da AstraZeneca.

Após a afirmação, senadores apontaram contradições no depoimento do coronel. O relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL), exibiu imagens de um almoço entre os participantes da reunião do dia 12 logo após o encontro, inclusive com a participação de Elcio Franco.  

"Veja de que forma vossa senhoria trata esta Comissão Parlamentar de Inquérito! Disse aqui, insistiu, que nunca tinha participado de jantar", apontou Renan Calheiros.

A senadora Simone Tebet disse o depoente mentiu.

"Vossa senhoria acabou de faltar com a verdade. Almoço ou jantar, a pergunta do relator foi: o senhor tinha intimidade ou não com o nome proposto [Elcio Franco]? Vossa senhoria jantou ou não, teve alguma comunhão de mesa com os personagens? E vossa senhoria disse mais de uma vez que não. Isso é faltar com a verdade. (Agência Senado).