Os humanos e a religião

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Dom José Francisco*

A menos que se trate de um debate teológico, argumentar a favor ou contra qualquer forma de religião, ou de Deus, parece uma missão infrutífera. Se Deus viesse a ser objeto de nossas argumentações a seu respeito, seria apenas uma coisa entre as outras do universo, algo que encontra onde não estamos, um encontro fadado a ser um diálogo de surdos.

A mesma coisa acontece com a religião.

Não faz muito tempo, e a religião ainda era percebida como algo que caía de fora, como chuva. Os humanos eram meramente receptivos e extáticos. Mas será essa versão de mão-única ainda viável nos tempos atuais?

Num outro lado, podemos percorrer as ciências humanas, psicologia, sociologia, antropologia, história - perguntando o que elas têm a dizer. Em alguma esquina, iremos nos encontrar com Paulo, Agostinho, Tomás de Aquino, Lutero, Calvino, e lhes perguntar o que pensavam desse tema e o que pensam do nosso tempo. Auguste Comte disse que a religião caracterizava o estágio mitológico, quase disse, infantil, do desenvolvimento humano e que, portanto, não tem mais lugar na época científica em que vivemos.

Se há algo a perceber, e com mais profundidade do que qualquer conversa de bar, é que a religião é um dos aspectos do espírito humano. Não sei se consegui ser claro, mas quando olhamos o espírito humano, a partir das profundezas de uma vida espiritual, é a religião, justamente, a que interroga sobre o que exatamente estamos fazendo aqui, no planeta.

Há muitos limites e muitas grandezas na ordem humana: o amor, a culpa, a saúde, os determinantes biológicos, a morte, os limites da História, o limite da verdade, sua originalidade e seu destino. E, sobretudo, a transcendência, a única a salvar o projeto humano de si mesmo.