O mal da Miíase (berne ou bicheira)

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O termo miíase (berne ou bicheira) é derivado da palavra grega "myia", que significa mosca e "asis" que significa doença, moléstia, tendo sido descrita pela primeira vez por Hope em 1840.

É uma doença que se caracteriza pela infestação de larvas de moscas de várias espécies que invadem o tecido cutâneo ou orifícios naturais, do organismo de animais vertebrados de sangue quente, incluindo os seres humanos.

Apesar de ocorrer mais frequentemente em áreas rurais, tem ocorrido em áreas urbanas, infectando não só animais, mas também pessoas. As regiões tropicais e subtropicais por apresentam condições de clima quente e úmido favorecem a presença desses agentes causadores das miíases.

Isso ocorre quando ocorre a deposição de ovos em feridas, em bordos de lesões ou em cavidades do corpo. O reservatório costuma ser a mosca doméstica, podendo ter um período de incubação de até duas semanas.

Em média após 12 a 24 horas as larvas começam a emergir, iniciando o processo de se alimentarem dos fluidos e dos tecidos da ferida, provocando uma escavação de cabeça para baixo, formando o que se denomina de "bicheira". As larvas se alimentam do tecido através de seus ganchos orais, levando a uma ampliação da ferida, que vai se tornando cada vez mais profunda, podendo provocar uma destruição do tecido de forma ampla e extensa, assumindo um aspecto avermelhado, configurando um processo e inflamatório. Não ocorre transmissão de pessoa a pessoa.

O termo berne caracteriza uma lesão nodular parecida a um furúnculo, com a presença de um pequeno orifício no centro por onde sai uma secreção sanguinolenta ou amarelada, por onde a larva da mosca consegue respirar. A pessoa pode experimentar uma sensação de fisgada, ferroada ou mesmo sentir uma sensação de
movimentos no local da lesão e dor local.

As áreas mais afetadas costumam ser as pernas, os braços e o couro cabeludo. As larvas que permanecem sob a pele, utilizam o tecido subcutâneo como sua fonte de alimentação, daí a necessidade de serem retiradas, uma vez que aproximadamente após 50 dias elas atingem a maturidade, podendo dar origem ao seu ciclo evolutivo, e darem origem aos insetos adultos

Existem diferentes tipos de miíase secundária, popularmente conhecida como bicheira. Merecem destaque a forma cutânea, quando as larvas podem ser vistas na superfície de feridas na pele; e a cavitária, quando grandes quantidades de larvas habitam orifícios como o nariz, dentre outros. A gravidade do quadro vai depender do local da lesão e do grau de destruição tecidual.

A região afetada se apresenta como um nódulo avermelhado com um pequeno orifício central por onde drena intermitentemente uma serosidade.

Em crianças é muito comum associado a infestação de piolhos que ao coçarem o couro cabeludo, provocam lesões abertas, bem como queimaduras provocadas por produtos para relaxamento do cabelo, que podem favorecer à deposição de larvas de determinadas moscas nestas regiões.

O tratamento é feito com a retirada manual das larvas e uma higiene adequada. Para facilitar a remoção, pode-se fechar o orifício com vaselina e esparadrapo, impedindo que a larva respire, aguardando um tempo para pinçá-las quando vierem à superfície para respirar.

Em casos mais graves, pode-se fazer a retirada cirúrgica das larvas. Lembrar que algumas localizações requerem mais cuidado, como as peri-orificiais, necessitando de uma avaliação em uma unidade de saúde, que além da extração das larvas, poderá prescrever a Ivermectina, que auxiliará no extermínio das larvas.

As medidas de controle da miíase incluem o combate às moscas, uma higiene pessoal adequada, devendo cobrir feridas abertas, evitando que as moscas depositem seus ovos.

Sem tratamento, à medida que a infestação progride, os vermes podem devorar os tecidos e até atingirem os ossos. As pessoas que vivem em condições precárias de higiene e saúde, podem ter um comprometimento mais grave dessa doença.