Seu filho tem ostomia? Saiba a importância de uma atenção à saúde especializada

Ostomia ou Estomia é uma abertura artificial entre um órgão interno do nosso corpo e o ambiente externo, com o objetivo de tentar manter o funcionamento daquele órgão que se encontra com a sua função prejudicada por uma doença. Assim, esta abertura irá compensar o funcionamento daquele órgão afetado pela doença. Este procedimento cirúrgico pode ser realizado em alguns sistemas do nosso corpo como: sistema digestório, respiratório ou urinário, criando uma comunicação entre o órgão e o meio externo, podendo em muitos casos salvar a vida de adultos, criança, adolescente e até mesmo recém-nascido.

Existem vários tipos de ostomia e o termo varia de acordo com o segmento corporal exteriorizado. Assim, as ostomias de alimentação chamadas de gastrostomia permitem a exteriorização do estômago e jejunostomia, a exteriorização de uma das partes do intestino delgado chamado de jejuno; a ostomia de respiração é conhecida como traqueostomia e as ostomias de eliminação são a urostomia, a ileostomia e a colostomia.

A colocação do ostoma pode ser considerada um procedimento cirúrgico simples e que é comumente realizado, porém requer cuidados e especificidades tanto no pré como no pós-operatório, tanto no hospital quanto no ambiente doméstico. A assistência à pessoa ostomizada provoca necessidade de reabilitação e dispensação de insumos, além de englobar ações de continuidade ao tratamento, de acesso a rede de atenção especializada e dos impactos sociais na vida das pessoas.

Após a colocação do ostoma, a pessoa e, consequentemente, sua família, sofrem com as transformações ocorridas no ambiente familiar, porque este procedimento requer cuidados diários e continuos, como utilização de bolsas coletoras, alimentação especial, medicações e transporte para acesso aos serviços de saúde, além de estrutura especializada e profissionais capacitados.

Quando nos referimos às crianças, os impactos são ainda maiores, pois além da dependência dos cuidados e poucos profissionais capacitados para atender o paciente nesta faixa etária, a família poderá enfrentar obstáculos no ambiente social da criança, seja na escola, seja nas relações com a comunidade. E para esta nova realidade em que a família precisa se reorganizar em torno do atendimento a criança, é necessário acesso às políticas públicas de saúde, facilitando o acompanhamento da criança às unidades de saúde capacitadas para o seu atendimento, à assistência social, à educação, ao lazer, dentre outras.

Apenas há pouco tempo, mais especificamente no ano de 2009, o Ministério da Saúde criou as diretrizes nacionais para a atenção à saúde de pessoas ostomizadas, com o objetivo de realizar ações de orientação para o autocuidado e prevenção de complicações nas ostomias.

Em se tratando de crianças, é necessário um atendimento diferenciado, com integração de equipes multiprofissionais (cirurgião pediátrico, pediatra, enfermeiro, nutricionista, assistente social, psicólogo) auxiliando a criança, seus familiares e professores, proporcionando capacitação, atenção e planejamento de ações.

O cuidado inadequado da ostomia pode resultar em diferentes complicações como perda da ostomia, infecção na boca do ostoma, dentre outras. Estas podem ser prevenidas com o devido cuidado do estoma, através do treinamento de familiares responsáveis pela criança ostomizada, disponibilidade de materiais auxiliares, ações estas fundamentais para a conservação e qualidade de vida da criança ostomizada.

Para ter acesso aos Serviços de Saúde de Atenção aos Ostomizados os interessados ou seus familiares devem procurar a sua Unidade Básica de Saúde ou a Secretaria Municipal de Saúde do seu município e solicitar o encaminhamento para o serviço de referência da
sua região.

*Por Aline Almeida*, a convite do professor Aderbal Sabrá e da professora Selma Sabrá, especial para O FLUMINENSE.