Tecnologias em saúde íntima da mulher

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Atualmente muitas mulheres em diferentes idades vêm buscando novos cuidados e tratamentos na região íntima vaginal e vulvar, assim como o fortalecimento íntimo, por diversas situações e em diferentes fases, mas principalmente na menopausa (período em que a mulher fica um ano sem menstruar). Pessoas que nunca receberam o devido tratamento, porque se sentiam constrangidas em discutir o problema com o médico, ou por acharem que fazia parte do processo de envelhecimento natural e, portanto, não precisava tratar.

No caso da menopausa, sabemos que existe, pela queda de estrogênio no tecido vaginal, um enfraquecimento da mucosa vaginal (ressecamento), assim como enfraquecimento dos ligamentos, fáscia e tecido muscular, sendo, portanto, indicado estimular o local como uma forma de tratamento "regenerativo", que busca melhorar aspectos, não somente físico, como o ressecamento e a estética íntima, e ainda, melhorar sintomas funcionais, como perda urinária, perda de lubrificação, flacidez e frouxidão íntima.

Na Unicamp, minha pesquisa de doutorado envolve o tratamento para perda urinária de esforço, com dois tratamentos conservadores: a fisioterapia uroginecológica e o laser vaginal. Desse modo, tentamos avaliar também se o efeito do laser vaginal melhora outras situações na sexualidade, como a lubrificação, o desejo sexual e, também, a qualidade de vida das mulheres.

Em quase 30% das mulheres a partir dos 45 anos pode ocorrer o aparecimento de um conjunto de sintomas conhecidos como a síndrome genitourinária da menopausa, um conjunto de sintomas que muitas vezes são confundidos com infecção urinaria de repetição, ardência local, ressecamento vaginal, alterações urinárias (como perda urinária) aumento da frequência urinária e até mesmo alterações na atividade sexual.

Na uroginecologia, área de atuação que trata alterações urinárias, fecais e sexuais na mulher, podemos aprofundar esse conhecimento para melhorar a qualidade de vida e recomendar o melhor tratamento, que poderá incluir creme vaginal (independente de vida sexual ativa, exercícios pélvicos (diferente de pompoarismo), acompanhamento com fisioterapeutas, medicações ou outros tratamentos que estão ganhando cada vez mais atenção, como o laser vaginal , radiofrequência e ultrassom microfocado. Essas tecnologias merecem de maiores estudos em algumas condições e total conhecimento médico para a utilização e aplicação das mesmas.

De uma forma geral, a aplicação de dispositivos com energia no canal vaginal é um conceito inovador na uroginecologia que visa proporcionar a melhora dos sintomas urinários, sexuais e estéticos.

Essas tecnologias em saúde íntima tem ganhado não somente uma busca enorme de mulheres, que querem não somente para "rejuvenescer" e melhorar com procedimentos estéticos a região íntima, mas também tentar melhorar fisiologicamente a lubrificação vaginal e sintomas urinários, como perda urinária aos esforços.

Alguns aspectos dessas tecnologias:

• Laser íntimo interno (vaginal) e externo (vulvar)

Uso da ponteira com efeito Laser (Light Amplification Energy) pode ser utilizado em diversas situações para clareamento, efeito tightening (de melhorar o tônus muscular), rejuvenescimento e melhora da flacidez da vulva - grandes e pequenos lábios vaginais e região externa à região perianal. Existe uma ponteira vaginal para a aplicação diretamente na mucosa do canal vaginal, para tratamento de sintomas de atrofia e ressecamento vaginal (pode ser não somente provocado pela menopausa, mas outros medicamentos, anticoncepcionais, mulheres em tratamentos para câncer de mama que não querem ou podem usar creme com hormônio e endometriose, ou ainda, proporcionar hidratação, lubrificação vaginal, elasticidade natural da região, melhorar a flora vaginal, com consequente melhora de episódios de infecção urinária, síndrome genitourinária da menopausa, controle da incontinência urinária e disfunção sexual, além de indução térmica e consequente produção de colágeno no local, para a síndrome da frouxidão vaginal, seja pós-parto ou pós cirurgia bariátrica.

O laser quando aplicado na vulva pode ser usado também para alívio de algumas condições, para melhorar o aspecto vulvar estético, ardência e alterações no tecido. E até algumas cirurgias, como a retirada de pequenos lábios a laser (ninfoplastia), quando muitas mulheres sentem desconforto ao colocar roupa justa, fazer atividades físicas ou consideram os pequenos lábios maiores.

Já na radiofrequência vaginal e vulvar - empregando uma fonte energética distinta do laser, quando uma sonda fina é colocada após a colocação do espéculo (bico de pato) com a criação de calor e gerada uma corrente elétrica que é conduzida através do tecido vaginal, para a estimulação de células chamadas fibroblastos, ocorrendo produção e substâncias que promovam formação de colágeno local e melhora da qualidade do tecido com a proposta do resultado terapêutico a serem alcançado.

Já a ultrasonografia micro focada (HIFU) é uma tecnologia com uma ponteira automática e rotatória robotizada que visa a produzir efeitos térmicos e mecânicos profundos dentro do tecido como método não invasivo para estimular a coagulação e a produção do colágeno, reforçar a tonalidade muscular e tentar aumentar a força e a elasticidade dos tecidos vaginais, com rejuvenescimento vulvar e vaginal e, ainda, melhorar a flacidez externa vulvar e frouxidão vaginal com proposta de "tightening".

As vantagens dessas tecnologias são de proporcionar resultados mais imediatos, não necessitarem de cirurgias e serem bem tolerados na prática clínica com satisfação das clientes, embora exista ainda poucos trabalhos científicos comparando qual seria melhor tecnologia para cada tipo de tratamento e ainda quando comparado com a fisioterapia para a perda urinária de esforço como está sendo feita nossa pesquisa de doutorado na Unicamp na Clínica Condé.

• Na região da vulva existe uma busca por procedimentos estéticos como o clareamento e rejuvenescimento genital

O escurecimento íntimo pode atingir desde grandes lábios vaginais, virilha, parte interna das coxas e região anal em algumas situações e principalmente algumas atividades físicas, levando a uma diferença, para qual pode ser oferecido o clareamento com: fotoclareamento com Lasers (CO2 Fracionado, microagulhamento elétrico com ativos específicos (Drug delivery) e radiofrequência vulvar.

• Outra indicação seria o tratamento de cicatrizes após a cesariana e pós parto vaginal

O uso de Laser CO2/ radiofrequência para cicatrizes pode ser isolado ou estar associado no dia de outros tratamentos, assim como outras tecnologias como o laser de baixa potência, para fissura de mamilos, episiotomia ou lacerações perineais, dores e ardência na entrada do canal vaginal.

• Existe tratamento para a percepção da frouxidão vaginal (vagina larga)?

Muitas mulheres possuem essa percepção e a fisioterapia também pode melhorar os músculos do assoalho pélvico para podemos avaliar o tratamento das tecnologias para o tratamento de mulheres com queixa de frouxidão vaginal. A disfunção sexual feminina pode ser avaliada para esta queixa tão constrangedora para a mulher.

Na área sexual, alterações que podem acontecer na vida reprodutiva da mulher e disfunções como perda da libido, anorgasmia, vaginismo, que possuem um grande impacto na qualidade de vida. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a sexualidade tem um conceito muito abrangente: "a sexualidade é um aspecto central do ser humano ao longo da vida e inclui o sexo, gênero, identidades e papéis, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. A sexualidade é experienciada e expressa através de pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relações. Embora a sexualidade possa incluir todas estas dimensões, nem sempre elas são todas experienciadas ou expressas. A sexualidade é influenciada pela interação de fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos, políticos, culturais, éticos, legais, históricos, religiosos e espirituais".

A saúde sexual e reprodutiva assume especial relevância no contexto das intervenções na área da sexualidade, já que implica uma abordagem positiva com o objetivo de promover uma vivência saudável e satisfatória da sexualidade, não se restringindo às questões relativas à reprodução ou às doenças sexualmente transmissíveis.

Algumas mulheres na menopausa enfrentam situações que podem dificultar a vida sexual como desejo hipoativo, dispareunia, perda de libido entre outros sintomas. A cada dia descobrimos e buscamos tratamentos para melhorar a qualidade de vida das mulheres nestas situações, mas estes devem ser baseados em evidências científicas e conhecimento aprofundado para poder ser oferecido e tornar cada vez melhor nosso estilo de vida, qualidade e bem estar. Torna-se importante estabelecer mais opções de tratamentos e buscar em futuro próximo por métodos menos invasivos e inovadores, embora não exista aplicação padronizada do período de tempo, sessões e sem padrão comparativo de qual tipo de energia seria a mais adequada.