Novos comportamentos na era digital

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Todos já perceberam que os telefones celulares e os smartphones se tornaram quase uma extensão das mãos, a tal ponto que ninguém consegue mais sair de casa sem checar antes se está levando na bolsa ou no bolso ou junto com as chaves de casa. Existe mesmo um novo comportamento denominado nomofobia, que é uma tradução e adaptação do inglês, no mobile phobia, que seria o pavor de sair de casa sem levar o telefone celular e se sentir perdido no mundo. Ou o fomo, que é o "fear of missing out", que é o medo de não pertencer no grupo das redes sociais ou não estar acompanhando tudo que está sendo postado nas redes sociais. São exemplos dos sentimentos de desconexão ou novos comportamentos da dependência tecnológica às TICs, tecnologias de informação e comunicação. No mundo de 7,7 bilhões de habitantes, 4 bilhões são usuários da internet, e o Brasil é o segundo país com mais telefones celulares do que habitantes, e todos estão conectados em média, 9 horas e 29 minutos por dia.

A OMS, Organização Mundial de Saúde, na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) já usa os critérios para jogos de videogames #6 C 51.0 (online) e #6 C 51.1 (off-line) para denominar internet gaming disorder ou os transtornos dos jogos de videogames, que ocorre também por usuários adolescentes e jovens adultos. Existe também a classificação # Q E 22 para hazardous gaming que são os jogos perigosos e que podem ser causadores de fatalidades, como a morte por acidentes, asfixia, coma ou mesmo pneumonias de aspiração por conteúdos que são inalados em apostas e desafios perigosos online. São exemplos da violência e provocações que existem nas redes sociais e aplicativos e que vão saindo do controle dos pais, apesar de serem ainda os responsáveis por tudo o que passa e acontece na internet, até seus filhos completarem a maioridade legal dos 18 anos.

Na pesquisa TIC KIDS Online -Brasil de 2019, realizada pela equipe do CETIC que faz parte do CGI, Comitê Gestor da Internet e que entrevistou 2954 crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos e seus pais ou responsáveis, de todas as classes sociais e das 5 regiões do país, demonstrou que 89% da amostra, que corresponde a 24,8 milhões, usavam a internet e 95% através do telefone celular, 43% pela televisão e 18% através dos consoles de videogames. E 76% acessavam mais de uma vez por dia. Dados revelam que 87% acessam por wi-fi e 49% por 3G ou 4G e 1/3 de casa. Porém, em 43% dos usuários já tinham presenciado ou sofrido discriminação nas redes sociais devido à etnia, ou aparência física, religião ou opção sexual. Dados da pesquisa revelaram que 22% já tinham presenciado cenas de violência ou consideradas sanguinolentas ou impróprias, como formas de auto-agressão ou suicídio, uso de drogas ou formas de emagrecimento. E ainda que 25% tinham tentado passar menos tempo na internet e não conseguiram ou 20% tinham deixado de dormir ou comer por causa da internet, o que caracteriza a influência das telas sobre o comportamento atual.

Com certeza, você conhece alguém que não consegue se "desgrudar" das telas e que vivem preocupados excessivamente com a internet ou redes sociais; ou que perde a noção do tempo com a necessidade de aumentar o tempo que fica conectado online para ter a mesma satisfação, mesmo que tente se esforçar para diminuir este tempo. Ou que apresenta irritabilidade ou mudanças súbitas de humor, com episódios de ansiedade ou depressão, o que se denomina de oscilações emocionais ou alternâncias súbitas de humor, colocando em riscos as relações familiares, sociais ou profissionais. E pior ainda, pois demonstra a severidade da dependência, é mentir aos outros a respeito da quantidade de horas em que se está conectado. Estes são alguns dos critérios do diagnóstico do uso problemático e que demonstram a necessidade de alguma fuga afetiva, mas também cognitiva e as mudanças de comportamento induzidas pelo uso constante das redes sociais e da internet.

Precisamos ficar mais conscientes e mais alertas sobre estes efeitos adversos do uso precoce, excessivo e prolongado das telas que ocorrem também com as crianças e adolescentes, pois todos estão tendo aulas online ou mesmo seus pais que trabalham em home office e durante muitas horas por dia, durante a pandemia. A tudo isso se soma o que denominamos de infodemia que vem a ser não só o excesso de informações, mas também as desinformações ou fake news sobre os momentos que todos estão vivenciando, não só pelo novo vírus, mas também por tantas narrativas, vídeos, imagens distorcidas intencionalmente. É importante sempre checar as fontes antes de compartilhar, no automático o que você visualiza ou mensagens que você tenha recebido numa rede social e através da internet. São comportamentos que aumentam as confusões sobre os mundos que vivenciamos, do lado de cá e do lado de lá, das telas. Na verdade, um mundo só, pois esta separação do virtual e do real se tornou tão sutil que já passa despercebida.

Portanto, um recado saudável para você: desconecte mais vezes durante o dia, relaxar e respirar longe das telas faz muito bem à sua saúde! E com certeza, vai ajudar você a dormir melhor e evitar muitos problemas comportamentais agora e no futuro, também com seus filhos e sua
família!