Comércio, serviços e retomada econômica

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Charbel Tauil Rodrigues*

Dias atrás a prefeitura de Niterói anunciou, com estardalhaço, o lançamento de um Pacto de Retomada Econômica envolvendo investimentos de mais de R$ 2 bilhões, com pelo menos 25 obras públicas de grande porte. Entre elas, a revitalização da Alameda São Boaventura, a drenagem e pavimentação no Engenho do Mato e no Jardim Imbuí, o avanço da construção do Parque Orla Piratininga (POP) Alfredo Sirkis, além da construção de um parque esportivo na Concha Acústica, em São Domingos. Além disto, prevê-se a revitalização das orlas do Gragoatá e do Centro (incluindo a reforma da Casa Norival de Freitas).

"Entre todas as intervenções previstas no Pacto, estão obras de mobilidade, urbanização, drenagem e pavimentação, além de projetos voltados para setores de saúde, educação, turismo, cultura, meio ambiente, habitação e desenvolvimento econômico e social", dizia o texto oficial. E mais adiante: "o Pacto de Retomada Econômica é dividido em 7 eixos temáticos com ações que vão de 2021 a 2024, como a criação da Moeda Arariboia, que beneficiará 30 mil famílias, e a dragagem do Canal de São Lourenço, para estimular a indústria naval. O Executivo diz querer "trabalhar em parceria com a iniciativa privada, sociedade e academia", devendo ser organizados encontros temáticos entre governo, membros da sociedade civil e representantes de cada setor, para discussão dos projetos. Também foi publicada na Internet uma página com a íntegra do Pacto, e disponibilizado um canal para o envio de sugestões.

Pois bem. Como cidadãos e como empreendedores da cidade, naturalmente torcemos para que iniciativas assim deem certo da melhor forma possível, uma vez que se trata de dinheiros públicos, que precisam ser desembolsados com muito zelo, finalidades claras e planejamentos consistentes. Nós, do Sindilojas, achamos o material extremamente vago na maior parte do conteúdo. Também causou certa estranheza o fato de que os grandes investimentos já estão todos decididos, priorizados, anunciados e orçados, deixando no ar a sensação de que as consultas públicas e o canal de sugestões via Internet na verdade serão mais para constar do que para qualquer outra coisa.

Uma questão é que já se dá por decidido, nesse Pacto, que na área da Concha Acústica haverá um parque esportivo. Nada contra os esportes, que sempre devem ser estimulados, fomentados e divulgados. Mas é que um parque esportivo poderia muito bem ser erguido em diversas outras áreas do município, ao passo que o terreno da Concha Acústica há de ser um dos poucos (ou mesmo o único) lugar de Niterói vocacionado, pela sua localização geográfica, para sediar um Centro de Convenções — o que atrairia para cá investimentos de porte em hotelaria, além de proporcionar substancial aumento no movimento de bares, restaurantes, shoppings, museus e teatros em toda a cidade.

Também prestamos especial atenção ao fato de que o Executivo municipal mencionou a "revitalização da orla do Centro". Tirando isto e a reforma da Casa Norival de Freitas, nada mais. É fortemente simbólico. A Prefeitura parece manter uma visão única, segundo a qual o Centro de Niterói é apenas a orla, e ponto final. No radar dela, prefeitura, pelo visto não existem a Rua da Conceição, o Rink, a Amaral Peixoto, a Coronel Gomes Machado, a Barão do Amazonas e tantos outros corredores viários, de grande importância estratégica, comercial e residencial. O Centro, temos protestado incontáveis vezes, não aguenta mais ficar relegado a último plano. Não é possível que a administração pública prossiga na inação junto a um dos bairros mais importantes da cidade!

Já dissemos antes, e reafirmamos mais uma vez: o Poder Público sempre poderá contar com o Sindicato dos Lojistas para opinar, debater e propor acerca de temas de interesse comunitário, principalmente aqueles diretamente ligados ao desenvolvimento econômico e social de Niterói. Porém, um verdadeiro pacto precisa ser discutido previamente ao seu anúncio, com todos os lados tendo oportunidade de falar e de ouvir, numa verdadeira troca de informações e ideias. Ninguém jamais se oporá ao que for realmente melhor para a cidade. Mas a tão sonhada retomada econômica precisará passar, necessariamente, pela devida atenção aos setores do Comércio e Serviços!