Soluções para o Centro

Charbel Tauil Rodrigues*

Não adianta: enquanto as autoridades locais não arregaçarem as mangas, executando um amplo e consistente programa de investimentos e melhorias em todo o Centro de Niterói, o bairro tenderá a ter radicalmente agravada sua situação de decadência. Nós, do Sindicato dos Lojistas, denunciamos tal quadro há muito tempo, principalmente nos últimos oito anos. E nada de concreto acontece no miolo da região, justo onde está a maioria dos prédios comerciais e habitacionais. Nos trechos limítrofes, houve melhorias na Marquês do Paraná, além de espalhafatosa divulgação de uma "nova orla" para a Praça Arariboia e entorno. E só.

O abandono é visível por todo o bairro, com ruas e calçadas de triste visual, fiações aéreas horrorosas, estabelecimentos fechados e incontáveis camelôs. É um cenário que já vem de antes, muito antes da atual pandemia. Ela só fez agravar a situação. À noite, a iluminação deficiente serve de cenário para grupos e mais grupos de cidadãos em situação de rua, numa espiral negativa que parece não ter fim. Em decorrência, cada vez mais lojas fecham de vez as portas, acarretando desemprego, desaquecimento da economia e tornando o Centro cada vez menos atraente para moradores e consumidores

Mas solução possível há, sim. Claro que há. O Sindilojas as vem apontando detalhadamente. Vale recordar algumas delas, com a ressalva de que, se conjugadas, elas terão potencializada a força transformadora de que a região tanto precisa.

Em primeiro lugar, o Centro precisa ter seu amor próprio resgatado. É necessário um consistente investimento no visual de ruas, praças e calçadas, com reurbanização de trechos, ajardinamento de espaços, enterramento de fiações e reequacionamento do plano viário como um todo, incluindo eventuais trocas de mãos de ruas e avenidas, criação de mais áreas de estacionamento e pontos de carga e descarga. O bairro também precisa contar com um calendário anual fixo de ofertas culturais, desportivas e de lazer, oferecidas pela prefeitura, em espaços como o Rink, o Jardim São João e instalações de escolas públicas. Somado a tudo isto, faz-se mais do que necessária uma ação integrada de Ordem Urbana, com a relocação do comércio ambulante para outros espaços, de forma a devolver as calçadas apenas para o trânsito de pedestres.

Também temos clamado pela viabilização de um moderno Centro de Convenções para Niterói, por tudo o que um equipamento deste tipo pode representar em movimentação econômica para o município. Pela proximidade com a Capital, o nosso Centro seria o bairro ideal para uma estrutura assim, que além das instalações para congressos e feiras temáticas tenderia a ser rapidamente circundada por empreendimentos hoteleiros e de serviços. Sabe-se que a indústria do turismo de convenções é, no mundo todo, um dos pesos-pesados da Economia, agregando um sem-número de empresas e prestadores de serviços e atraindo dezenas, às vezes centenas de milhares de visitantes/ano para uma mesma localidade. Vale lembrar que esses visitantes em geral não ficam restritos à programação e à área dos eventos apenas: circulam pelas redondezas, lotam teatros, bares, restaurantes e praticamente todo o Comércio local.

Como se pode notar, por si só, um Centro de Convenções pode representar um verdadeiro divisor de águas para a economia de Niterói. Porém, para atrair um bloco de investimentos privados à altura de tal desafio, o município deve estar muito preparado e bem disposto para articular os diversos interesses envolvidos, com um amplo planejamento urbanístico da região. Fartas áreas de estacionamento terão que estar previstas, assim como toda uma malha de vias de acesso rodoviário (e se possível marítimo, também).

Sendo dados os devidos impulsos, o resto tenderá a ir se fazendo. Comércio e Serviços voltarão a florescer e a região poderá crescer como pólo habitacional, com reflexos positivos sociais, culturais, políticos e econômicos.

Em suma, Niterói precisa reencontrar o seu Centro!