Como fabricar um homem? - Linha básica de produção

Dom José - Foto: Thiago Maia/ Divulgação

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Dom José Francisco

- Como você está, rapaz?

- Correndo, correndo... sem parar.

- Mas você não é aplicativo da Nova Dutra!

Ele sequer ouviu. Típico homem de negócios, de importância anestesiante; típico solitário, de exuberante nulidade.

Quando irá parar de correr para deixar que a própria verdade venha à tona? Quantos estresses serão necessários para provocar um balanço? Às vezes, o balanço provoca a crise, e ela é sempre necessária para uma revisão de padrões. Seja como for, não deveria ser saudável passar pela vida correndo e fazendo-de-conta. Tudo tem preço!

O preço da ausência de si mesmo é pago com angústias, raivas, ódios, doenças, tristezas, depressão. Daí, é só esperar que eles chegam: os comportamentos autodestrutivos.

Que podem ser:

1) altas velocidades: no carro, na vida, no jeito de ser e agir;

2) intensificação de exigências desnecessárias;

3) ressentimentos mantidos sob vigilância em prol de uma felicidade de plástico;

4) fugas para pequenas delinquências: faltas no trabalho, relacionamentos de todos os naipes sempre desprotegidos, exposição a lugares onde possa ser desmascarado;

5) busca de compensações alienantes;

6) descompensações compulsivas: comida, bebida, cigarro, consumo... a lista não acaba;

7) desconexão com a vida familiar;

8) doenças psicossomáticas, sobretudo, preferentemente cardíacas nos homens;

9) perda do sentido da autenticidade, da verdade e da capacidade de amar.

Essa é a hora de informar que algo não lhe vai bem. No começo, é só uma sensação de vazio. No final, você encontra o vazio: competição e solidão.Aliás, competição é solidão.

Como fabricar um homem? Existe uma linha básica de produção?

Precisamos rever essas coisas. E não temos muito tempo: ele não corre a nosso favor.