Coceira genital é sempre candidíase?

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A vulva é a parte externa da genitália feminina, onde por vezes pode surgir uma coceira que geralmente é um sintoma não valorizado e por diversas vezes tratado por remédios populares, ou por indicação da vizinha, amiga, colega de trabalho, que já apresentou quadro semelhante e usou um remédio muito bom, e desta forma, retarda a visita ao especialista: o ginecologista.

O prurido vulvar, popularmente conhecido como "coceira na vagina", é um sintoma de alerta e pode ter diversas causas: a infecção por fungo conhecida como candidíase vulvovaginal, dermatite de contato alérgica ou dermatite atópica, dermatite irritativa, doenças da pele ou dermatoses (líquen escleroso, líquen simples crônico, psoríase), ressecamento, baixa hormonal, traumas, causas neurológicas, farmacológicas, lesões pré-malignas e até câncer vulvar. Dentre todas estas causas citadas vamos dar ênfase à dermatose chamada líquen escleroso.

O líquen escleroso é uma doença dermatológica crônica inflamatória de etiologia ainda desconhecida. Entretanto, há evidências de que muitos fatores podem estar envolvidos na origem desta doença como alteração hormonal, componente imunológico de caráter autoimune, fatores genéticos com frequentes casos familiares. Pode também estar associado a outras doenças imunológicas como vitiligo, alterações da tireoide, anemia perniciosa e diabetes mellitus. Apresenta pico de incidência em duas etapas da vida: na pré-puberdade e na pós-menopausa. As lesões afetam principalmente a região ano genital, podendo ser assintomática ou causar coceira crônica, além de dor na relação sexual e ao urinar). Geralmente apresenta clinicamente como uma área esbranquiçada, podendo conter algumas rachaduras na pele chamadas de fissuras, pontos avermelhados chamados de petéquias, equimoses pele fica inchada e com áreas de hemorragia. É interessante que na região ano genital as lesões brancas podem se dispor em forma de 8. O diagnóstico desta doença é clínico, podendo ser confirmado por meio da biópsia local. A no pele no local das lesões pode evoluir com atrofia. O tratamento tem como objetivos controlar os sintomas, reduzir a progressão da doença com atrofia e deformidade da anatomia da região genital além de reduzir o risco de transformação maligna. É muito importante manter boa higiene genital, evitando produtos irritantes e também evitando o hábito de lavar a genitália várias vezes ao dia na tentativa de aliviar os sintomas. Há recomendação para o uso de hidratantes e cicatrizantes locais. O ginecologista pode precisar prescrever, de acordo com o caso, corticoide tópico de alta potência. O líquen escleroso não é uma doença curável, sendo necessário acompanhamento de forma contínua, não só quando ocorrem sintomas,
a fim de evitar as complicações como a evolução para câncer.

O câncer vulvar é apresenta baixa incidência, porém nos últimos anos tem se comportado de forma crescente, afetando 1-2 a cada 100.000 mulheres nos EUA e engloba cerca de 3-5% das neoplasias do trato genital feminino. Apesar de ser uma doença de menor incidência não deve ser negligenciada pois possui alta morbidade. Acomete mulheres com uma média de idade ao diagnóstico de 68 anos, mas estudos mostram que estão sendo cada vez mais diagnosticadas com idades menores. Isso pode ser explicado pelo número crescente de infecções por HPV (papilomavírus humano) no trato genital inferior e pelos métodos diagnósticos mais efetivos. A infecção persistente por HPV de alto risco é responsável por 30% dos casos.

O ginecologista deve ficar em alerta quando da suspeição de líquen escleroso frente às pacientes portadoras de queixas vulvares.

O diagnóstico e tratamento adequados do líquen escleroso são essenciais na redução do risco de transformação maligna, destacando-se a importância do seguimento a longo prazo, mesmo nas pacientes sem sintomas.

É importante que a mulher esteja atenta ao início de quaisquer sintomas diferentes! Não tente se tratar sozinha, procure um ginecologista!