UFRJ: velocidade da covid preocupa

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A velocidade de transmissão do novo coronavírus no estado do Rio de Janeiro está em patamar crítico e tende a acelerar ainda mais, segundo análise divulgada nesta segunda-feira (24) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). De acordo com o Covidímetro, estudo elaborado Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar para Enfrentamento da Covid-19 da UFRJ, cada 100 pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2, na semana de 9 a 15 de janeiro, infectaram mais 254.

Vice-coordenador do GT, Guilherme Horta Travassos explica que a taxa de transmissão não chegava a patamares tão altos desde os meses de fevereiro e março de 2020, quando o vírus iniciava a primeira onda de infecções.

Na capital, a transmissão é ainda mais acelerada, com taxa de 2,61 novas infecções a cada caso confirmado.

"Em processos pandêmicos, valores acima de 1 são considerados preocupantes, e, acima de 2, bastante preocupantes, bem críticos", explica Travassos, que é professor de engenharia de sistemas e computação da Coppe/UFRJ e fez parte da elaboração do modelo que calcula a taxa de transmissão. "E já se percebe nos dados atuais um aumento no número de casos. Então, a expectativa é que, talvez, os valores possam aumentar para a
semana seguinte. É uma situação de bastante preocupação".

Colapso - O risco de uma taxa de transmissão tão acelerada, explica ele, é um colapso na prestação de serviços, o que não se restringe ao atendimento hospitalar. "Quando as pessoas testam positivo ou têm contato com pessoas adoentadas, elas precisam ficar isoladas, então, as empresas deixam de ter seus times completos. Com isso, vemos até empresas aéreas que não conseguem colocar aviões no ar", exemplifica. "Se a gente não der um jeito de frear essa aceleração, se não reduzir essa velocidade, a situação vai ser muito complicada."

Apesar de o modelo de cálculo da taxa de transmissão indicar que é necessário lockdown quando o índice fica acima de 2 pontos, Travassos explica que essa é uma avaliação que não pode ser feita com base em apenas um indicador.

"Olhar apenas o R [taxa de transmissão] não é suficiente. A gente tem que olhar o número de casos por 100 mil habitantes, a ocupação hospitalar, a disponibilidade de profissionais de saúde. Tudo isso tem que ser visto", explica, destacando que a universidade poderá recomendar medidas mais restritivas caso a situação se agrave.