Resistência tem lugar em São Gonçalo

Centro de Referência LGBTI da cidade tem cerca de 75% dos atendimentos voltados para a população trans - Foto: Divulgação / Prefeitura de São Gonçalo

São Gonçalo
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Resistência: ato ou efeito de resistir. No Brasil, para a comunidade LGBT, a frase "Seja resistência" vai muito além de uma expressão de força e determinação, visto que, há anos, é o país que carrega a triste marca de ser o que mais mata travestis e transexuais no mundo. Segundo dados divulgados pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra), cerca de 140 pessoas trans foram assassinadas no Brasil somente no ano passado. A média de assassinatos entre os anos de 2008 e 2021, é de 123,8. A Antra mostra também que a expectativa de vida desse público no país é de 35 anos.

Neste sábado, dia 29, é celebrado o Dia Nacional da Visibilidade Trans, data marcada pela luta de travestis e transexuais por seus direitos e combate à transfobia no país, além do reconhecimento da identidade social dessas pessoas, principalmente aquelas que se encontram em situação de vulnerabilidade.

O Centro de Referência LGBTI de São Gonçalo tem atuado arduamente para garantir que as leis cheguem até os assistidos pelo equipamento. Neste mês, um feito histórico marcou a luta da equipe que trabalha no local. Através de um trabalho em conjunto com o Cartório do 1º Distrito, localizado no Mutuá, pela primeira vez uma pessoa não-binária conseguiu a retificação de nome e gênero em registro civil no Brasil de forma extrajudicial, sendo feito o processo diretamente no cartório. Hoje, Amon Kiya Figueira da Silva tem seu nome escolhido e seu gênero definido em seu registro civil.

"Essa conquista é motivo de orgulho, pois foi mais um passo que a população LGBTIA de São Gonçalo dá a nível nacional, onde não foi necessário judicializar o processo de retificação. No Centro de Referência LGBTI , nos casos de retificação de nome e gênero, liberamos as gratuidades necessárias, emitimos nove das 10 certidões solicitadas no Provimento 73/2018 e fazemos o encaminhamento aos cartórios de registro ou abrangência. No caso da Amon, fizemos um contato prévio com o Cartório do 1º Distrito de São Gonçalo, falando que era um caso de uma pessoa não binária e que se possível no campo gênero deveria sair esta especificação. O cartório prontamente atendeu nossos pedidos e em menos de dois meses conseguimos resolver todos os trâmites", disse o coordenador do Centro de Referência LGBTI , Walace Ferreira.

"Mais que uma vitória pessoal, é uma conquista de todas as pessoas trans não binárias. É um ato político, um momento histórico. Considero a retomada do nosso lugar de direito. Gratidão ao Centro de Referência LGBTI de São Gonçalo pelo acolhimento e ajuda. A equipe me deu apoio a todo momento desde o primeiro encontro. Além da calma e firmeza, me mostraram que dariam todo o apoio para que eu conseguisse o que é meu por direito", declarou Amon Kiya.

O Centro de Referência LGBTI fica na Travessa Maria Cândida, 50, Mutondo. Os atendimentos ocorrem de segunda a sexta, das 9h às 17h. Telefone para contato: 3708-7954.