Petrópolis: cenário de guerra

Ontem o cenário era de destruição em várias partes do município: ainda há dezenas de pessoas desaparecidas - Foto: Rogerio Santana/GOV RJ

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Os desabamentos e alagamentos causados pela enxurrada que atingiu Petrópolis, na Região Serrana, deixaram rastro de destruição. Até a noite de ontem, 21 vítimas foram resgatadas com vida e quase 100 mortes já haviam sido contabilizadas. Cerca de 30 animais foram resgatados e encaminhados a lares provisórios. As ações começaram na noite de terça-feira (15) e ainda seguem em busca de sobreviventes e de corpos.

Em nota, o governador Cláudio Castro diz que se trata de uma situação "quase que de guerra" e que toda a equipe do governo está mobilizada: Corpo de Bombeiros, secretarias e demais órgãos do estado. "Atuamos no resgate e salvamento de vítimas, desobstruindo estradas, atendendo pessoas que perderam seus bens, com medicamentos e remoções, entre outras ações".

Uma grande equipe está concentrada no Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra, onde o governo acredita ter o maior número de vítimas ainda soterradas. São 400 militares mobilizados e atuando em 44 pontos atingidos pelo temporal. Foi montado um hospital de campanha com 10 leitos onde as vítimas recebem o primeiro atendimento.

Mais de 180 pessoas que moram em áreas de risco foram acolhidas em escolas e recebem suporte de profissionais das áreas da saúde, educação, agentes comunitários, além da Defesa Civil. A Delegacia de Descoberta de Paradeiros realiza atendimento especializado às famílias que buscam informações de desaparecidos e registros de ocorrência.

Em atualização do boletim meteorológico, a Defesa Civil informou que ainda há previsão de chuva fraca a moderada a qualquer momento no município. A Defesa Civil reforça que a cidade segue em Estágio Operacional de Crise e orienta que a população fique atenta aos informes e alertas que podem ser atualizados a qualquer momento. Em caso de emergência as pessoas devem ligar para o 199.

Chuvas mais intensas do que em 2011 - O temporal que caiu na terça-feira (15) em Petrópolis foi muito mais intenso do que o ocorrido em janeiro de 2011. Naquela ocasião, chuvas torrenciais causaram enchentes e deslizamentos de terra na região, afetando principalmente as cidades de Nova Friburgo e Teresópolis e causando a morte de 918 pessoas.

Petrópolis registrou na terça-feira ao menos 229 ocorrências relacionadas a chuvas. Foram 189 deslizamentos de terras, e a prefeitura decretou situação de crise.

De acordo com o professor da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em drenagem urbana Matheus Martins, a topografia da cidade é propícia a inundações e deslizamentos, já que fica em uma região de encostas e é cortada por rios, sendo o principal o Rio Piabanha, afluente do Paraíba do Sul.

Necessidades imediatas - O Governo do Estado, por meio das secretarias e órgãos públicos, já se mobilizou para recolher doações para as vítimas do temporal de Petrópolis.

As necessidades mais imediatas são água mineral e itens de higiene pessoal e de limpeza. Protetores e organizações de bem-estar animal que estão nas ruas fazendo os resgates precisam de doações de ração.

"A população de Petrópolis pode ter certeza que não faltará solidariedade de todo o Rio de Janeiro. Não há quem não se sensibilize com esta situação", disse o governador Cláudio Castro.

Para quem quiser doar outros produtos, também são considerados fundamentais: absorventes, papel higiênico, escova e pasta de dentes, sabonetes, fralda para criança e adulto, colchão, roupa de cama e toalha.

O Colégio Estadual Rui Barbosa, no Alto da Serra, é o local que está concentrando as doações em Petrópolis. Lá foi montado o ponto de abrigamento da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.