As virtudes

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*Dom José Francisco

A palavra virtude vem de VIR: varão, em latim. Na origem, virtude era uma palavra masculina, em razão de ter sido criada numa época em que virilidade era sinônimo de força física e moral. Os tempos mudaram. O que não mudou foi a certeza do quanto precisamos ser prudentes e justos, por exemplo.

Desde os tempos imemoriais, sete virtudes foram catalogadas: três virtudes teologais e quatro virtudes cardeais. As primeiras são a fé, a esperança e a caridade, chamadas de teologais por dizerem respeito a Deus.

As quatro virtudes cardeais são a prudência, a temperança, a justiça e a fortaleza. No caso, a palavra cardeal não tem a ver com os cardeais da Igreja Católica. A palavra cardeal, em latim, significa "dobradiça da porta". É a isso que se referem essas virtudes: elas abrem os caminhos humanos.

A fortaleza, por exemplo, é o que assistimos hoje diante das terríveis catástrofes que arrasaram a cidade de Petrópolis: fortaleza dos que sofrem sob os escombros, fortaleza dos que perderam entes queridos, fortaleza dos voluntários que desconhecem o cansaço ou de quem ajuda à distância.

A fortaleza é prima-irmã da coragem, necessária diante do perigo e da dor, sobretudo, quando a finitude humana é revelada em toda sua nudez. Não se pode praticar a prudência, a temperança, a justiça sem a fortaleza.

Mas existe uma diferença grande entre praticar uma ação justa e ser uma pessoa justa.

Em qualquer esporte, um jogador mediano consegue fazer uma boa jogada de vez em quando. Mas só alguém cujos olhos, músculos e nervos foram bem treinados possui o tônus necessário para praticar o esporte em sua total extensão.

Só quem perseverar em praticar ações justas, no final, obterá um caráter virtuoso. E é a essa qualidade, e não às ações particulares, que nos referimos quando falamos de virtudes.