Luz e sombras

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Dom José Francisco*

Mesmo sendo cristão, você tem a liberdade de pensar que até nas religiões mais exóticas, quando vividas na integridade do coração, existe pelo menos uma parcela de verdade. É na matemática que existe apenas um resultado certo. Na vida, alguns resultados errados estão mais perto do acerto do que outros.

Daí, as divisões.

A grande divisão que se dá entre os que acreditam em Deus, nos faz ver que há tantas definições de Deus quanto sejam as crenças. Longe de ser um defeito, isso indica que as pessoas se posicionam, e se posicionar não deveria ser considerado defeito.

Nessas divisões, um grupo diz que Deus está além do bem e do mal, com uma forte conotação panteísta. Outro grupo, com visão oposta, diz que Deus é definitivamente bom e justo. Essa última visão é sustentada por judeus, muçulmanos e cristãos.

Os panteístas acreditam que Deus anima o universo e se confunde com ele. Alguns até dizem que a natureza é Deus. Mas sabemos que não é bem assim! Deus pode ser encontrado na natureza, mas ele não se confunde com a natureza.

A grande questão controversa é essa: se Deus fez o mundo bom, por que o mundo desandou? Esse tem sido o maior argumento contra Deus.

Maior que esse argumento, sem dúvida, é o mistério da liberdade divina: Ele nos criou para que fôssemos nós mesmos, aqui, no mundo. Uma pessoa se sente molhada depois de cair na água, mas um peixe nunca se sente molhado. Somos peixes nesse aquário gigantesco do mundo e, de certa forma, o que criticamos naquilo que vimos é projeção nossa, bastante inconciliável com a ideia maravilhosa que nutrimos de nós mesmos.

Se o universo não tem sentido, não haveria como descobrir que ele não tem sentido. Se nenhuma criatura fosse dotada de olhos, como se saberia o que são a luz e as sombras?