Vírus Sincicial Respiratório: cuidado

Pobreza, subnutrição, falta de assistência em saúde e educação e perda de pais ou responsáveis para a covid-19 estão entre algumas das questões - Foto: Divulgação/ Agência Brasil

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A chegada de um bebê na família, além de muita alegria traz também algumas preocupações. Quando este bebê é prematuro, as preocupações aumentam mais ainda, pois a partir da luta inicial para a sobrevivência, com internação prolongada em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, segue-se a necessidade de cuidados específicos, principalmente para aqueles que nasceram muito prematuros. Estes têm maior risco de apresentarem algumas doenças, dentre elas, infecções. Entre as infecções mais comuns, destacam-se as infecções respiratórias.

Dentre os vários agentes causadores dessas infecções respiratórias, destaca-se o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), por ser um dos mais frequentes, apresentando muitas vezes quadros clínicos graves, como bronquiolite e pneumonia, necessitando visitas a serviços de emergência pediátrica, incluindo a necessidade de internação hospitalar. Tudo isso causa grande impacto na saúde desses bebês, em curto e em longo prazo e gera muita angústia e preocupação familiar.

A maioria das infecções causadas pelo VSR ocorre no primeiro ano de vida. Sabe-se que todos os bebês serão expostos a esse vírus até o final do segundo ano, com reinfecções durante toda a vida. No entanto, quanto mais cedo ocorre a primeira infecção, mais grave poderá ser o quadro clínico do bebê, especialmente os prematuros. A prematuridade e a presença de doenças prévias, principalmente no coração e no pulmão associadas ou não a síndromes genéticas como a Síndrome de Down, contribuem como fatores de risco para aumentar a gravidade da infecção pelo VSR.

O VSR acomete as crianças mais frequentemente no inverno e início da primavera, por um período de cerca de 4 a 6 meses, dependendo das características do país ou região. No Sul do Brasil, por exemplo, o pico de incidência ocorre entre abril e agosto, concomitantemente com a presença do vírus da influenza. Na região Norte, ele circula especialmente no primeiro semestre, no período de chuva intensa na região, com pico de ocorrência no mês de abril. Na região Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, a circulação do vírus predomina de março a julho.

O contágio do VSR ocorre através do contato direto das vias aéreas com as secreções respiratórias de pessoas infectadas por este vírus, ou através de superfícies ou objetos contaminados. O tempo de sobrevida deste vírus nas mãos é de menos de 1 hora, mas em superfícies duras e não porosas, pode durar até 24 horas. As recomendações básicas para evitar a contaminação são muito semelhantes às recomendadas para a prevenção do COVID-19, atentando para a importância da lavagem frequente das mãos, com água e sabão e ou álcool a 70%, além de limitar o máximo possível a exposição da criança a ambientes com elevado risco de contágio, ou seja, locais com alto risco de aglomeração, tais como supermercados, shopping centers e clubes. Como os bebês jovens (principalmente os menores de 6 meses de idade), compõem o grupo mais susceptível a apresentar doença grave pelo VSR, também recomenda-se retardar o ingresso desses bebês em creches durante a sazonalidade do vírus, que no nosso meio é no período de março a julho.

Quanto ao tratamento, não existe uma medicação específica para tratar este vírus. Neste momento não há uma vacina específica contra o VSR; no entanto, poderá ser utilizada a imunização passiva, ou seja, a aplicação de uma proteína específica para o VSR, isto é, uma imunoglobulina específica que atua na prevenção das formas graves das infecções pelo VSR, contribuindo. Essa imunoglobulina deve ser administrada um mês antes do início da estação do vírus na região em que o bebê mora, seguida de quatro aplicações mensais durante toda a sazonalidade do vírus. O seu uso não interfere na administração das demais vacinas de rotina dos bebês, e é um produto muito seguro.

É importante também enfatizar os malefícios do tabagismo passivo, ou seja, manter esses bebês em ambientes onde haja pessoas que fumam, pois a fumaça do cigarro é tóxica para as vias aéreas e aumenta o risco de infecções respiratórias. Destaca-se, ainda, a grande importância do aleitamento materno, que estimula o bom desenvolvimento do sistema imunológico e o fortalecimento do organismo do bebê jovem como um todo. Amamente o seu bebê sempre que possível.