Captação de recursos faz São Gonçalo virar a página

Douglas Ruas - Foto: Divulgação

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Com longo histórico de abandono e carência de investimentos, São Gonçalo hoje vive um novo momento, com obras nas ruas e projetos saindo do papel. Com um cenário de crise econômica devido à pandemia e baixa arrecadação, o Município viu na Secretaria de Gestão Integrada e Projetos Especiais, criada no início do ano passado, a saída para buscar recursos de forma estratégica. Até a semana passada, a pasta tinha à frente Douglas Ruas, alvo de críticas no início da gestão por ser filho do prefeito Capitão Nelson.

Bacharel em Direito e pós-graduado em Gestão Pública, Douglas Ruas diz que o trabalho técnico desenvolvido durante um ano e três meses na secretaria fala por si. Nesse período, foram captados mais de R$ 166 milhões em recursos federais, segundo ele. Além da boa relação criada com o governador Cláudio Castro, São Gonçalo também será beneficiada com R$ 1 bilhão da concessão da Cedae, ponto-chave para garantir avanços e melhorias na cidade. Douglas Ruas, que agora deixou o cargo com a pretensão de ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa, falou em entrevista a O FLUMINENSE sobre os investimentos que o município vem recebendo desde o último ano.

Enquanto secretário, qual o cenário que você encontrou ao chegar na Prefeitura de São Gonçalo? Como surgiu a Secretaria de Gestão Integrada e Projetos Especiais, criada pelo prefeito Capitão Nelson ao assumir?

Assim que o prefeito Capitão Nelson ganhou a eleição, fomos a Brasília, na companhia do deputado federal Altineu Côrtes, antes mesmo da posse. Já tínhamos conhecimento que a verba que sobrava para investimentos no município era muito baixa e precisávamos melhorar esse cenário para poder levar desenvolvimento para São Gonçalo.

Para nossa surpresa, mesmo com recursos disponíveis nos ministérios, o município não possuía um projeto sequer para a captação de verba. Então o prefeito decidiu criar a Secretaria de Gestão Integrada e Projetos Especiais com dois objetivos muito claros: elaborar projetos e captar recursos. Hoje, vemos a importância dessa secretaria e como a atual gestão está conseguindo avançar com as parcerias firmadas nas diferentes esferas.

Só para vocês terem uma ideia, no primeiro ano de governo conseguimos captar um montante de R$ 166 milhões, valor 280% superior a todo recurso captado nos quatro anos da gestão anterior.

Com o papel central desta secretaria dentro do governo, como foi o desafio de captar recursos num momento em que todas as cidades precisavam lidar com a crise provocada pela covid-19?

Foi muito desafiador. São Gonçalo sofria com o abandono, o desemprego e a falta de gestão pública próxima da população. Tínhamos o desafio de ganhar a confiança dos gonçalenses, recuperar a autoestima e aproximar as pessoas do serviço público. Tudo isso em meio ao desafio de reaquecer a economia, num momento de tantas incertezas. Priorizamos a Saúde e, ao mesmo tempo, trabalhamos para criar um ambiente favorável a novos negócios e, assim, criar oportunidades para os gonçalenses. São Gonçalo sempre teve o rótulo de "cidade dormitório" e precisávamos mudar isso, porque o município tem muitas vocações. Não foi fácil! Contei com todo suporte de uma equipe extremamente qualificada e técnica. Atraímos grandes empresas e, nesse processo, sempre conversamos para que dessem prioridade de emprego aos gonçalenses. Vimos o resultado disso em números: em 2021, São Gonçalo teve um saldo positivo de 5.233 postos de trabalho formais, tudo isso dentro do contexto da pandemia.

Durante a gestão do prefeito Capitão Nelson, o município recebeu recursos provenientes do leilão da Cedae. O que você pode falar sobre esse momento para a administração pública de São Gonçalo?

O processo, que foi liderado pelo governador Cláudio Castro com extrema lisura, ficará marcado na história de São Gonçalo como o maior aporte financeiro nos cofres públicos da história da Prefeitura. Trabalhamos muito para que cada centavo fosse revertido em benefício para a população. Com o leilão da Cedae, São Gonçalo irá receber mais de R$ 1 bilhão. Desta forma, elaboramos o Plano Estratégico Novos Rumos São Gonçalo, que identificou as prioridades de investimento desses recursos. Entendo que o planejamento é fundamental para aplicar os recursos de forma assertiva, transparente e sem desperdícios. O plano está dividido em cinco eixos: Cidade Segura, Cidade Saudável, Cidade Bem Cuidada e Organizada, Cidade Justa e Inclusiva, Gestão Eficiente e Transparente. Muitos dos projetos já estão saindo do papel, enquanto outros já foram entregues.

O que de fato foi entregue para a população de São Gonçalo?

Apesar dos trâmites burocráticos, acredito que em um ano e três meses conseguimos contribuir em diversas frentes. Na Saúde, foram retomadas as obras da Policlínica do Vila Três, um equipamento que estava parado há 10 anos, e ainda em 2022 contará com um moderno Centro de Imagem. Ao deixar a secretaria, deixei em fase avançada o projeto de construção do Hospital Municipal, que terá 200 leitos, e a meta de zerar os aluguéis dos equipamentos de Saúde, o que vai possibilitar a captação de recursos para essas unidades,
uma vez que não serão mais locadas.

Avançamos muito com a pavimentação nas ruas através dos programas "Asfalta São Gonçalo" e "Mãos à Obra", que já contemplaram mais de 20 quilômetros em diversos bairros, além de obras de drenagem, pavimentação, contenção de encostas e iluminação pública. Também foi entregue o Espaço Raul Veiga totalmente revitalizado, que agora abriga 148 feirantes de maneira padronizada e devidamente legalizados, num lugar que antes era o retrato da desordem. Tive a oportunidade de sair da secretaria com o projeto do Parque Urbano Boavista, antigo Piscinão de São Gonçalo, concluído.

Mas a gestão do prefeito Capitão Nelson continua trabalhando para levar ainda mais avanços, como o Restaurante do Povo, que será construído em Alcântara com capacidade para servir 3 mil refeições por dia, além do Muvi (Mobilidade Urbana Verde Integrada), corredor viário com 16 quilômetros e 31 estações, ligando os bairros de Neves e Guaxindiba.

A violência sempre foi um desafio muito grande a ser enfrentado em São Gonçalo. Na campanha, a principal proposta do Capitão Nelson foi melhorar a segurança. Até agora, o que foi feito para reduzir a criminalidade no município?

Sem dúvidas, esta é uma das questões mais sensíveis a serem trabalhadas. Através do diálogo e da parceria com o Governo do Estado, conseguimos importantes avanços, como a expansão do São Gonçalo Presente, que agora conta com 324 agentes. Em fevereiro, pelo segundo mês consecutivo, os indicadores de roubos de carga tiveram uma redução de 70,15%, enquanto os roubos de veículos registraram queda de 52,99%, o menor número já apurado desde 2011, segundo os dados do
Instituto de Segurança Pública (ISP).

Na minha última semana à frente Secretaria de Gestão Integrada, tive a oportunidade de acompanhar a implantação do Centro de Monitoramento, que será um grande aliado na luta contra a criminalidade. São Gonçalo vai contar com câmeras de reconhecimento facial, leitura de placas de veículos e reconhecimento de arma de fogo.

Após deixar a secretaria, qual o próximo desafio do Douglas Ruas?

Fico feliz de ter contribuído tanto para trazer tantos avanços para a cidade. Tive que me descompatibilizar, respeitando as regras da Justiça Eleitoral. Agora, sigo em outro desafio, na busca por um assento na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, onde tenho certeza que vou poder ajudar ainda mais o município de São Gonçalo neste trabalho de recuperação e valorização da nossa cidade.