Expondo um olhar artístico

Os trabalhos estão expostos no Degase (CRIAAD - Niterói), localizado na rua Benjamin Constant, 479, Santana - Foto: Beatriz Cruz

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O Centro de Criação de Imagem Popular (CECIP), através do Projeto Laboratório de Livre Criação Midiática (LabLivre), mudou a rotina dos adolescentes que cumprem medida socioeducativa no Centro de Recursos Integrados de Atendimento ao Adolescente (CRIAAD) de Niterói. Iniciadas em fevereiro, as oficinas de arte, tecnologia e produção de mídias digitais estimularam os jovens a se expressarem e o resultado foi uma exposição que reflete a busca e o encontro de olhares sensíveis a partir da realidade desses jovens que vivem a internação. Os trabalhos estão expostos no Degase (CRIAAD - Niterói), localizado na rua Benjamin Constant, 479, Santana.

"Tia, eu gosto muito de natureza", disse um dos internos que escolheu fotografar o céu e as árvores. Já outro participante, focou a atenção em insetos minúsculos, aprofundando seu interesse sobre diferentes animais invertebrados sob o acompanhamento de monitores. As oficinas terminavam sempre com uma troca, na qual os educadores descrevem as sensações que cada trabalho remete. Segundo Noale Toja, coordenadora pedagógica do CECIP, esse retorno conferiu segurança para que eles pudessem ir além em suas pesquisas e expressões.

"Muitos nunca tocaram num laptop e, no momento da oficina, há uma enorme satisfação em ter um em mãos, com seu próprio nome. Eles trazem questões muito particulares, históricos de violência, infância sem o básico, quanto mais um computador. Notamos que em uma das dinâmicas de busca de imagens por aproximação e distanciamento, os olhos voltam-se para o externo, querem retratar a natureza, o céu, as casas, o mundo que ficou lá fora. Buscam a liberdade através da virtualidade. A sensibilidade aflora e as telas tornam-se suportes para processos criativos carregados de subjetividade", afirma a coordenadora.

O tema para os trabalhos foi livre, sem grades para o pensamento e a criatividade. Por isso, a Mostra é composta por materiais em diferentes formatos e linguagens: de clipes musicais a fotografias. Para envolver os 15 participantes nas atividades, os educadores e pedagogos do CECIP utilizaram metodologias fundamentadas na escuta ativa, diálogo e interação, princípios preconizados pelo educador Paulo Freire, um dos fundadores da ONG, que trabalha há 35 anos com facilitação de mudanças sociais e educacionais.