O Mistério da Liberdade

Dom José - Foto: Thiago Maia/ Divulgação

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Dom José Francisco*

A Páscoa insiste que sejamos livres. Para ser livre, foram feitas revoluções e guerras, e muito sangue já foi derramado.

Mas o que é ser livre?

Perguntei ao Evangelho, e Jesus me disse assim: "Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente, serão meus discípulos, conhecerão a verdade e a verdade os libertará" (João 8,31-32).

Liberdade do querer, do espírito, da razão. Por quais desses e outros tantos sentidos podemos caminhar para ser livres? Qualquer resposta supõe uma escolha, mas para escolher já preciso ser livre.

A liberdade talvez seja um dos nossos maiores mistérios: esse mistério nos constitui e faz de cada um de nós um mistério para si mesmo. Consideramos o livre arbítrio um dom, mas sabemos que a liberdade é mais um processo e uma tarefa do que necessariamente um presente.

Não nascemos livres, tornamo-nos livres. A liberdade, enquanto construção, nunca é definitiva.

Não sei se fui claro! Já somos livres, mas o que está em causa é tornarmo-nos o mais livres possível. Sejamos livres ou não, sempre haverá mais a fazer, e isso nunca nos dispensa de ser o que somos. Mesmo que cada pessoa seja uma escolha absoluta de si, como afirmou Sartre, isso não a dispensa de conhecer ou querer sempre mais a liberdade.

A liberdade é um mistério, mas também um caminho e um ideal. Se o mistério nunca poderá ser atingido, isso não dispensa o ideal, pelo contrário, o requer ainda mais: no caminho, o ideal se demonstra, e no ideal, o mistério de mostra.

Até onde a vista alcança, tudo isso não é senão outro nome para a sabedoria. E é sempre atrás dela que andamos e é a ela que perseguimos.

O mistério da liberdade nos envolve no mistério da Páscoa: grande, grande demais, bem maior do que nossa vista alcança!