Violência contra a mulher aumenta em dias de futebol

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Os boletins de ocorrências por ameaça contra mulheres em cinco capitais brasileiras aumentam em 23,7% quando o time da cidade joga - é o que mostrou a pesquisa "Violência Contra Mulheres e o Futebol", idealizada pelo Instituto Avon e encomendada ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No Rio de Janeiro, 49,6% das mulheres que realizaram boletim de ocorrência por ameaça em dias de jogos têm entre 30 e 49 anos. Além disso, 49,6% se autodeclaram como brancas, enquanto 48,7% são negras. Em relação aos registros por agressão física, a maioria delas possui entre 18 e 29 anos (35,9%) e é negra (52,1%).

Para entender a relação entre o esporte e enfrentamento às violências contra mulheres e meninas em um contexto geral, o estudo analisou bases de dados de violência com informações de todos os dias de jogos do Campeonato Brasileiro da série A entre os anos de 2015 e 2018, em cinco capitais brasileiras: Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Belo Horizonte e Porto Alegre.

No Brasil, entre os registros por lesão corporal dolosa, o aumento em dias de jogos dos times das regiões observadas é de 20,8%. Já nos dias em que o clube é o mandante da partida e joga na própria cidade e estádio, o levantamento identificou o aumento de 25,9% de registros policiais. O estudo "Violência Contra Mulheres e o Futebol" também revela que em sua maioria, os responsáveis pelas violências são os companheiros e
ex-companheiros.

"Com a pesquisa não queremos sugerir ou responsabilizar o futebol, que é uma paixão nacional, mas mostrar que os jogos podem funcionar como uma espécie de catalisador das desigualdades entre homens e mulheres, abrindo procedentes para violência doméstica. Para evitar que isso aconteça é importante e necessário o debate sobre o assunto, e para isso precisamos contar com a influência dos próprios clubes e times junto a seus torcedores", explica Beatriz Accioly, coordenadora de pesquisa e impacto do Instituto Avon.