Médicos alertam para risco da liberação do cigarro eletrônico

vape Vs. cigarro - Foto: vaping360.com foto retirada do flickr.com

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Próximo ao Dia Mundial de Combate ao Tabagismo, nesta próxima terça (31), a Coordenadora da Comissão de tabagismo da Sociedade de Pneumologia do Rio, a médica pneumologista Alessandra Costa, alerta: "a história se repete. E mais uma vez a indústria do tabaco vem com a falácia sobre "um produto mais seguro para fumar"

Ela explica:

- 1950: a invenção do cigarro com filtro! Após a perda de milhares de fumantes para o câncer de pulmão;

- 1960: cigarros de baixos teores- A indústria percebeu que poderia duplicar o tamanho do mercado consumidor, caso as mulheres também se tornassem dependentes da nicotina;

- 1988: Brasil: Início das advertências sobre os prejuízos à saúde, nos produtos derivados do tabaco;

- 1990: cigarros com sabor (mentol): Anestesia a garganta, reduzindo a sensibilidade ao calor e ao efeito irritativo da fumaça;

- 1996: Brasil: Aprovação das restrições à propaganda de cigarros e proibição do fumo em recintos coletivos;

- 2003: os DEFs (Dispositivos eletrônicos para fumar) chegam ao mercado com a promessa de que não fariam mal.

Para Alessandra, essa "é mais uma grande armadilha de marketing! A verdade é que os DEFs são aparelhos que funcionam com uma bateria e têm diferentes formas e mecanismos de ação. Em sua maioria, contêm aditivos com sabores, substâncias tóxicas (níquel, chumbo dentre outros), propilenoglicol (irritante brônquico) e nicotina (droga que causa dependência). Os tipos de DEFs são: cigarros eletrônicos, produtos de tabaco aquecido, vaporizador de ervas secas e produto híbrido".

A Sopterj (Sociedade de Pneumologia do Rio de Janeiro), a Associação Médica Brasileira e várias outras entidades assinaram um manifesto liderado pela Fiocruz, justamente alertando a população sobre os riscos do cigarro eletrônico e solicitando à Anvisa, sua proibição.

"A indústria do tabaco precisa sempre de novos consumidores para seus produtos. Em 2019 o Brasil contava com 12,6% dos adultos fumantes, mas em 989, eram 34,8%!, Por isso o foco nos adolescentes e jovens", adverte a médica.

A Sopterj alerta que os DEFs contêm mais de 80 substâncias nos aerossóis, existem cerca de 16 mil sabores (dentre eles algodão doce, milk shake de morango, e etc) para atrair o público infanto-juvenil.

Outro alerta da médica: cada dispositivo de nicotina corresponde a 10-15 cigarros/dia ou 20 cigarros/dia (o equivalente a 1 maço!). "Aumentam o risco de envenenamento, convulsões, dependência, queimaduras (risco de explosões), doenças cardiovasculares e doenças pulmonares (incluindo a EVALI - síndrome respiratória aguda grave); nos EUA: Foram registrados mais de 2,8 mil casos e 68 mortes no país até fevereiro de 2020, média de idade de 24 anos; os países que liberaram os cigarros eletrônicos, tiveram aumento de doenças cardiovasculares na faixa abaixo de 50 anos, e maior risco de AVC em jovens, "em bem menos tempo de exposição doque os cigarros convencionais"; os usuários de cigarros eletrônicos tem chance quase seis vezes maior de experimentar cigarros convencionais, e quatro vezes maior de se tornarem usuários destes. Conclusão: Existem evidências científicas acumuladas suficientes sobre os efeitos deletérios dos cigarros eletrônicos".