Thiago Maia/ Divulgação

Amor que não se mede

Por * Dom José Francisco Mitra Arquidiocesana de Niterói

Dom José Francisco*

"Amor igual ao teu

Eu nunca mais terei

Amor que eu nunca

vi igual

Que eu nunca mais verei

Amor que não se pede

Amor que não se mede

Que não se repete."

Quando foi composta essa letra, decerto, o pensamento do autor viajava longe do contexto em que hoje eu a inseri. Decerto, não pensou nas mães nem seu olhar trafegou por esses mares profundos, sempre navegados por poetas e filhos órfãos.

O segundo domingo de maio é o Dia das Mães, mas também da orfandade: um dia em que nos damos conta de ser órfãos num planeta a que chamamos de Mãe Terra, do qual nascemos, mas que só conhecemos nos pequenos palmos com que medimos os locais por onde transitamos.

Pensar em mãe é puxar pela orfandade, que nos constitui e que dói na alma, mas da qual saímos sempre convictos de que, apesar de órfãos, jamais estaremos sozinhos ou abandonados.

Numa célebre passagem bíblica, Isaías pergunta se "haverá mãe que possa esquecer seu bebê, que ainda mama, e não ter compaixão do filho que gerou? Contudo, ainda que houvesse, eu jamais me esqueceria de ti!" (Is 49,15).

Não encontrando outra forma melhor para decifrar o amor sem limites de Deus, o profeta se aconchega, decerto, em suas mais recônditas memórias afetivas, e extrai da profundidade dessas águas uma tradução do indizível que nos habita e nos mantém em pé: o inefável do amor. Amor que não se mede!

No próximo domingo, será o Dia das Mães.

Nem no ano inteiro caberia o que os filhos exprimem num dia só: o amor que não se mede. Mas essa injustiça do calendário só poderá ser minorada por um excesso de reconhecimento.

De vocês viemos.

E no dia do retorno, a terra abrirá seus braços tentando nos confortar como a mãe que tivemos, e será o máximo que ela irá conseguir. Há coisas que não cabem nas palavras. Amor que não se mede!

Amor igual ao teu, eu nunca mais terei!

Parabéns a você, Mãe!

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