IBGE inicia coleta de dados da população para o Censo 2022

O recenseador Patrick Emanuel Miranda entrevistou ontem Esméria Jane do Valle, na casa dela, no Centro do Rio - Foto: Tania Rego/Divulgação

Rio de Janeiro
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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou ontem (1°), oficialmente, o Censo 2022, no Museu do Amanhã, na Praça Mauá, região portuária do Rio de Janeiro.

A cerimônia contou com a presença de representantes no Brasil do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), Astrid Bant; do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), Federico Martinez Monge; da Organização Internacional para as Migrações (OIM), Socorro Tabosa; e da Organização Internacional do Trabalho (OIT), José Ribeiro.

Todos fizeram suas apresentações vestidos com o colete e o boné, que estão sendo usados pelos recenseadores e destacaram a importância da pesquisa demográfica. "Esse projeto contribuirá para o conhecimento da realidade brasileira", disse Astrid Bant.

Federico Martinez, do Acnur, lembrou que o censo também vai identificar o número de migrantes que vivem no Brasil. "No total, segundo informações oficiais do governo brasileiro residem no país quase 500 mil pessoas refugiadas, solicitantes da condição de refugiadas e apátridas. São pessoas vindas de mais de 121 países", informou.

Além dos estrangeiros que moram no país, o diretor de pesquisas do IBGE, Cimar Azeredo, destaca que, pela primeira vez, o levantamento vai entrevistar quilombolas, além de indígenas. Segundo ele, para entrar nas terras indígenas, um grupo de recenseadores passou por um período de quarentena para evitar a contaminação dos povos tradicionais.

"É tão importante ter o mapeamento dessa população indígena, quilombola, refugiados, e demais outras tantas camadas da população brasileira, que o IBGE está levantando um questionário especial para os quilombolas, um tratamento específico para as terras indígenas. É um desafio grande porque tem que fazer um questionário com intérpretes durante as entrevistas. Fazer censo no Brasil não é para amador", disse no evento de lançamento.

O presidente do IBGE, Eduardo Rios Neto, foi a Brasília para acompanhar a entrevista do censo ao presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada.

Rio - A dona de casa Esméria Jane do Valle, 59 anos, moradora de um apartamento no Centro do Rio de Janeiro, recebeu na manhã de ontem (1º), o recenseador Patrick Emanuel Miranda de Souza, 28 anos, no primeiro dia de coleta de dados para o Censo Demográfico 2022, realizado pelo IBGE.

Ela foi uma das primeiras brasileiras a responder ao levantamento, que deve realizar 89 milhões de entrevistas, nos próximos meses, nos mais de 5,5 mil municípios do país.

Esméria contou que já respondeu a um censo anteriormente, mas que, desde então, muita coisa mudou em sua vida. Na época, os três filhos eram pequenos, e a família morava em uma casa maior, em Santa Teresa, bairro vizinho ao atual.Hoje, Esméria já é avó de uma menina que mora em um apartamento no mesmo prédio do Centro. Ela conta que já desempenhou atividades de Segurança e de Cozinha, mas que, com a saúde debilitada, atualmente cuida da casa e recebe ajuda financeira dos filhos.

Ao chegar, o recenseador Patrick se identificou, mostrou o crachá no colete que vestia com a sua identificação e não encontrou resistência. A entrevista foi rápida e dona Esméria, que mora com um primo, respondeu questões como o tipo do domicílio, renda, número de moradores no imóvel e ocupação.

A dona de casa ficou satisfeita em abrir a sua casa para o censo, que considera muito importante para o país e incentivou a participação da população: "foi tudo ótimo. Tudo maravilhoso. Espero que todo mundo coopere direitinho para a população ficar ciente das coisas que estão acontecendo, quantas pessoas têm".

Patrick disse que estava desempregado antes de ser contratado pelo IBGE e que a aprovação no concurso de recenseador foi uma alternativa de renda. Para além disso, o jovem considera fundamental a pesquisa que vai retratar a população do Brasil.

"Acho muito importante participar. A gente está botando em prática o nosso treinamento, mas a expectativa é boa. As pessoas estão recebendo a gente bem", disse. Patrick, que também mora na região, vai fazer entrevistas no Centro e no Catete, com a previsão de visitar 300 domicílios nas três próximas semanas.