O BIM pretende revolucionar as obras de todo o RRJ

Washington Luke - Foto: Divulgação

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Building Information Modeling (BIM) ou Modelagem da Informação da Construção tem se consolidado como um novo paradigma para o desenvolvimento de empreendimentos de arquitetura e de engenharia, considerando todo seu ciclo de vida, desde a concepção do projeto, o acompanhamento e controle de obras e a realização da gestão e manutenção de edificações e obras lineares de infraestrutura.

A metodologia BIM garante assertividade e previsibilidade, características essenciais para o desenvolvimento do setor da construção civil. A partir de sua implantação e conexão a um ecossistema tecnológico, é possível realizar uma simulação virtual em 3D da obra em execução, colaborando para a precisão do projeto, além de estimar custos e detectar erros de execução.

Tendo em vista a relevância do BIM para as obras públicas, foi criado o Projeto InfraCidades resultado da parceria entre o Instituto Estadual de Engenharia e Arquitetura (IEEA) e a PUC-Rio. O objetivo do InfraCidades é, através de resultados e projetos de pesquisas e extensões acadêmicas, propor soluções e orientações para o Governo do Estado e prefeituras, iniciando, desta forma,a implantação da metodologia BIM no poder público.

No II Seminário InfraCidades: Desafios da implementação do BIM, realizado no último mês de agosto, tive a oportunidade de palestrar sobre a importância do BIM na elaboração de políticas públicas do Estado do Rio de Janeiro, destacando o uso da metodologia como previsto na nova Lei de Licitações (Lei 14.133/2021).

O BIM permite a criação de um gêmeo digital de uma construção, que pode ser usado para simular e analisar diferentes cenários durante as fases de planejamento e construção, auxiliando na identificação de possíveis problemas e otimizar cronogramas e orçamentos de projetos. Desta forma, o governo pode garantir que os projetos sejam construídos de maneira eficiente e atendendo aos padrões e regulamentos exigidos.

Também podemos empregar a metodologia para melhorar o gerenciamento de ativos, criando um modelo digital 3D de uma obra que inclua informações detalhadas sobre seus componentes e sistemas, auxiliando na manutenção e reparo de instalações, bem como na identificação de possíveis problemas antes que eles ocorram.

O BIM permite, ainda, apoiar as metas de sustentabilidade ao analisar o impacto ambiental de uma obra, identificando oportunidades de eficiência energética e sustentabilidade das edificações. Isso pode ajudar a apoiar políticas públicas que visam reduzir gastos com energia do ambiente construído.

Atualmente temos um marco regulatóriopropício para a difusão e implementação de BIM em todos os setores da indústria da construção civil. A regulação BIM é direcionada para administração pública, mas traz consigo grandes reflexos para a iniciativa privada. Por exemplo, podemos citar: a nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos (Lei 14.133/2021); o Marco Legal do Saneamento Básico (Lei 14.026/2020) que prevê investimentos da ordem de R$ 700 bilhões em 10 anos, até 2033; a Estratégia BIM BR (Decreto 9.983/2019) que apresenta um plano de difusão e implementação do BIM no Brasil, até 2028; e o Marco Legal das Ferrovias (Lei 14.273/2021) que na prática está fazendo uma abertura de mercado para investimentos pela iniciativa privada.

Dentre estes normativos, ressaltamos a nova Lei de Licitaçõesque institui o uso preferencial do BIM para projetos de engenharia e execução de obras públicas, tanto para edificações como para obras lineares de infraestrutura (rodovias, ferrovias, saneamento, etc). Vislumbramos que o BIM pode ser integrado ao processo de licitações públicas de diversas formas.

O BIM pode ser usado para apoiar a avaliação de propostas, analisando e comparando diferentes ofertas com base em seus aspectos técnicos e financeiros. Por exemplo, o BIM permite avaliar a viabilidade e o custo de diferentes alternativas de projeto propostas pelos licitantes.

De modo geral, a integração do BIM no processo de licitação regulamentado pela Lei de Licitações pode ajudar a melhorar a eficiência, eficácia e transparência do processo de aquisição, bem como a qualidade e o desempenho dos bens, serviços ou obras que estão sendo licitados ou contratados.

*Washington Luke é Diretor Acadêmico da ZIGURAT, Master Internacional em BIM Management para Infraestruturas, Engenharia Civil e GIS.