Vala negra passa a ligar o mar ao sistema lagunar de Niterói

Foto feita por um drone esta semana mostra apenas um filete de água preta que escorre em direção ao mar pelo Canal de Itaipu - Foto: Foto do leitor

Niterói
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Enquanto Nierói se prepara para receber no próximo dia 9, em São Paulo, troféu do pelo desempenho no ranking de saneamento do Instituto Trata Brasil, onde ocupa a quarta posição no País entre as cidades com mais de 500 mil habitantes, moradores de Itaipu, bairro da Região Oceânica do município não vêem motivos para comemorar. Eles convivem com o mau cheiro do esgoto que ainda é jogada in natura na lagoa de Itaipu.

Nesta semana, para agravar ainda mais a situação, o assoreamento praticamente fechou o canal que liga a lagoa ao mar. O canal, que antes permitia a troca da água da lagoa, hoje mais parece uma vala negra, por onde escorre um filete de água preta e mau cheirosa em direção ao mar na maré baixa.

O problema não é de hoje. A prefeitura, que fez acordo em 2013 com o Inea para colaborar com a gestão da lagoa, por várias vezes precisou colocar máqinas no canal para tentar desobstruílo. Mas as ações, paliativas, não duravam por muito tempo.

O vereador Douglas Gomes (PL) conta que já fez várias indicações acerca dos canais que desembocam na lagoa e cauasam o assoreamento do canal. "Acionamos inclusive o Inea acerca dessa questão e de outras questões de irregularidades que afetam o meio ambiente em Niterói. Continuaremos cobrando esses órgãos para que medidas sejam tomadas e que esses problemas sejam solucionados de forma efetiva", ressalta.

A Secretaria Municipal de Obras informou esta semana que a realização da licitação está em andamento e que o edital para a execução das obras definitivas para desobstrução do canal será lançado em breve. A resposta foi a mesma dada para uma reportagem de OFLUMINENSE publicada em 20 de agosto de 2021 (https://urx1.com/sVcOT), há quase dois anos. De lá para cá nada de edital. "O projeto está em fase de conclusão com o objetivo de incluir alterações apresentadas pelos representantes do Comitê Lagunar de Itaipu e Piratininga (Clip) e da Universidade Federal Fluminense (UFF)", acrescenta a prefeitura agora.

O vice-presidente da Associação Niteroiense de Stand up Paddle e istrutor do esporte Gustavo Supmann, conta que os praticantes atualmente têm nojo de entrar na água da lagoa e medo de contrair alguma doença.

"O que a gente precisa é simples: a dragagem definitiva do canal e o aumento dos molhes de pedra, tanto no tamanho das pedras quanto na distância. O trator que colocaram no canal para tentar desobstruí-lo acabou empilhando dunas de areia e veio a ressaca e espalhou tudo, assoreando de novo", explica.

Por causa do esgoto acumulado na lagoa já não há mais quase pescadores artesanais. E os praticantes de esportes como stand up paddle e surf também não são vistos mais no canal.

"Havia mais de 10 escolinhas de surf que não estão funcionando mais. Niterói sempre se destacou por formar grandes surfistas, mas não estamos formando mais.

A Prefeitura de Niterói diz que as secretarias municipais de Obras e de Conservação e Serviços Públicos (Seconser) realizam com frequência p trabalho emergencial de retirada do excesso de areia do Canal de Itaipu para minimizar os impactos do assoreamento, que segundo a prefeitura, é natural e causado pela dinâmica costeira da região. Porém, reconhece que é importante essa ligação das águas do mar para manutenção da vida na lagoa.

"O monitoramento é diário e, caso seja necessário, os órgãos municipais farão novas intervenções com máquinas", informou a prefeitura, ressaltanto que a ligação com o mar continua existindo.

E de fato ainda existe. Quando a maré está alta a água limpa do mar tenta entrar na lagoa por um filete, mas devido aos bancos de areia do asssoreamento não chegam à altura do Bar do João, famoso restaurante à beira da lagoa.

Para evitar que banhistas se arrisquem no esgoto da lagoa misturado com água limpa do mar, que avivia sua aparência, moradores da região instalaram por conta própria uma placa alertando para o perigo.

O Inea, por sua vez, informa que, entre agosto e dezembro de 2022, efetuou a desobstrução do canal da lagoa, após reuniões com a associação de pescadores e a secretaria de meio ambiente do município de Niterói, com objetivo de manter o canal aberto e com profundidade suficiente para o trânsito de embarcações e para troca de água da lagoa com o mar viabilizando a oxigenação das lagoas Itaipu, e consequentemente de Piratininga. "O Inea está em tratativas com a Prefeitura de Niterói para definir estudos, projetos e obras que visam ao desassoreamento do Canal de Itaipu", concluiu.