Obras para manter o canal de Itaipu aberto ainda se arrastam

De acordo com a Seconser, em agosto de 2020 foi iniciado o desassoreamento do canal de Itaipu com o objetivo de restabelecer a ligação do mar com a lagoa. O trabalho está sendo feito por equipes da Subsecretaria de Rios e Canais da Seconser - Foto: Alex Ramos

Niterói
Tpografia
  • Mínimo Pequeno Médio Grande Gigante
  • Fonte Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

As obras para desassorear o Canal de Itaipu, segundo moradores e frequentadores do local, se arrastam e pouco avanço foi notado. Segundo eles, a troca de água com o mar se dá apenas numa faixa de seis metros entre uma margem e outra e a uma profundidade que não ultrapassa um palmo. Dois equipamento de dragagem da prefeitura são vistos no local levando a areia do canal para a Praia de Camboinhas, num trabalho que não parece ter fim. Quando entra um ressaca forte, o canal volta a ser fechado e a retirada da areia é reiniciada. "É como esvaziar uma piscina com uma colher", comparam.

De acordo com a Seconser, em agosto de 2020 foi iniciado o desassoreamento do canal de Itaipu com o objetivo de restabelecer a ligação do mar com a lagoa. O trabalho está sendo feito por equipes da Subsecretaria de Rios e Canais e a previsão era que fosse concluída no fim de novembro, o que não aconteceu. 

A ação consiste na retirada do material que está impedindo a circulação do mar com a lagoa. A Seconser está repetindo a operação realizada em 2019, quando houve o fechamento do canal. Segundo ela, este é um processo natural de depósito de sedimentos, no caso, areia. A obra é uma ação emergencial para que seja mantido o fluxo. 

Apesar do prazo estipulado para o fim de novembro não ter sido cumprido, a Prefeitura de Niterói não informou um novo prazo. A pasta disse apenas que está atuando para uma melhor gestão das lagoas na cidade em colaboração com o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Inea). Ressaltou ainda que o sistema lagunar é de responsabilidade do governo estadual, no entanto, em 2013, o Município assinou um contrato de cogestão das lagoas com o Estado.

Foi pontuado ainda pela prefeitura que a coordenação do programa Região Oceânica sustentável (PRO Sustentável) contratou, em 2018, através de licitação, a empresa que fez os estudos da dinâmica hídrica e da qualidade ambiental do sistema lagunar Piratininga-Itaipu. A empresa fez vários estudos ao longo de um ano, no qual avaliou a qualidade da água, sedimento, dinâmica hídrica e, em sua última fase, desenvolveu modelagens hidrodinâmica e de qualidade da água para todo o sistema.

Uma das ações propostas pela empresa foi o prolongamento e alteamento dos molhes do canal de Itaipu. Essas alternativas e outras propostas estão sendo discutidas entre técnicos da área ambiental da comunidade acadêmica, além da sociedade civil para que o Município tome a decisão mais assertiva, não só no aspecto técnico como também seja economicamente viável.

De acordo com a bióloga Gabriela Guimarães, o canal tem uma importante função para o ecossistema da região, e não deveria ficar tanto tempo fechado.

"O transporte de sedimento faz parte da dinâmica natural do lugar, passando do mar para a laguna. A dinâmica do litoral está diferente, fazendo com que o transporte do sedimento fique comprometido, causando o assoreamento do canal. Um dos principais impactos é causado no Manguezal, um ecossistema muito importante, que é encontrado na região, pois serve de berçário para outras espécies se reproduzirem e se alimentarem. Além disso, a má circulação da água pode afetar na oxigenação da mesma, prejudicando os animais que ali vivem. A Laguna também sofre com a ação antrópica, principalmente com lixo e efluentes domésticos. Mesmo sendo um canal artificial. A Laguna de Itaipu precisa dele para a renovação de água e também para a manutenção da vida naquela localidade", explica.