Dalton Valerio

Centro de Artes da UFF celebra centenário de Paulo Freire

Por Redação

A universidade concedeu a Paulo Freire o título de doutor honoris causa

De 21 a 30 de setembro, com o evento "11° Interculturalidades: Primaverar, viver Freire”, a Universidade Federal Fluminense comemora o centenário do humanista, educador e filósofo brasileiro Paulo Freire, patrono da educação e um dos intelectuais mais lidos e estudados em todo o mundo. Freire completaria 100 anos em 19 de setembro, e a esta data se soma outra muito marcante para a instituição – 25 anos atrás, em fins de agosto de 1996, a UFF concedeu a Paulo Freire o título de doutor honoris causa.

O "11° Interculturalidades: Primaverar, viver Freire” vai trazer para as redes sociais do Centro de Artes UFF duas semanas repletas de conferências, rodas de conversas, mesas, relatos de experiência, oficinas e apresentações artísticas.

No dia 21, data de lançamento do Interculturalidades, a partir das 15h haverá a abertura institucional, com a participação da viúva do homenageado, Nita Freire, e de autoridades da UFF realizadoras do evento, além do lançamento da exposição virtual “Angicos”.

A exposição "Angicos", que pode ser vista pelo site do Centro de Artes UFF (www.centrodeartes.uff.br), faz alusão a uma experiência pedagógica ocorrida na cidade interiorana de mesmo nome, localizada no Rio Grande do Norte, onde em 1963 educadores formados por Paulo Freire alfabetizaram moradores da região. Aquela experiência contribuiu muito para o fortalecimento do “Método Paulo Freire”, sob o qual o contato dos alunos com referências próximas ao seu convívio facilita o aprendizado.

Compondo a série de conferências do 11° Interculturalidades, estão: “Paulo Freire: inspirador do amor e da libertação”, com Leonardo Boff, teólogo e filósofo (dia 21); “Paulo Freire e o esperançar nos dias de hoje”, de Sérgio Haddad, biógrafo de Freire (dia 22); “Sonhar a terra”, com Daniel Munduruku, educador e ativista indígena (dia 23); “Educação como prática política: o legado de Paulo Freire”, com Luiza Erundina, assistente social, ex-prefeita de São Paulo e deputada federal (dia 24); “Compartilhar a vida, respeitar a diferença e transformar mundos”, com Carlos Rodrigues Brandão, autor, pesquisador e professor da Unicamp (dia 27); “Palavra que lavra, que semeia ideias no coração de todos”, com Tatiana Henrique, atriz e pesquisadora do teatro (dia 28); e “Lutar - Caminho Que Não se Percorre Só”, com Preta Ferreira, cantora, produtora, apresentadora e ativista (dia 29).

Dentre os destaques da área artística, haverá a apresentação dos grupos da casa, Música Antiga da UFF e Quarteto de Cordas da UFF (dia 25, 16h), o tributo "Zé Keti - a voz do morro", com participação de Geisa Keti, filha de Zé Keti (dia 25, 18h), as peças teatrais "Paulo Freire - o andarilho da utopia", com o ator Richard Riguetti (dias 22 e 26, 20h), e "Paulo Freire e o mundo lá fora”, do Coletivo En La Barca Jornadas Teatrais (dia 25, 20h), além de performances cênicas, oficinas culturais, mesas com artistas e o "Ciclo Apalavrar" (dias 23 e 29, 20h), uma mostra de filmes e debates que buscam refletir sobre a interferência da Educação na vida cotidiana, proporcionando libertação, esperança e autonomia.

Também estarão representados educadores e lideranças que compartilham seu “ensinar-aprender” – conceito fundamental para quem segue o legado de Paulo Freire. Sob o tema "Legado de libertação em Paulo Freire: emancipação e transformação social a partir das lutas populares socioambientais", participam Maria Raimunda (MST-MA), Charles Torcate (filósofo e coordenador do Nacional do Movimento pela soberania popular na Mineração/PA) e Diego Chabalgoity (autor do livro "Ontologia do oprimido - construção do pensamento filosófico em Paulo Freire"). Na roda de conversa “Vozes, Vídeos e Corpos Negros - Teatro do Oprimido porque Vidas Pretas Importam”, atrizes e atores do Grupo de Teatro do Oprimido Cor do Brasil compartilham suas experiências cênicas e reflexivas como resistência ao genocídio da população negra no Brasil.

Na mesa, "A experiência de Angicos", haverá a presença de Marcos Guerra, participante das ações de alfabetização em Angicos, além das professoras Nilcéa Lemos Pelandré, e Jaqueline Ventura (mediadora). Já a mesa "O legado freireano e os movimentos sociais", contará com a participação de Rubneuza de Souza (Educação do MST), Givânia Maria da Silva (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) e Rodrigo Lopes (Associação dos Motofrentistas por Aplicativos - PE).

As lideranças indígenas Algemiro Karai Mirim (professor de guarani) e Karai Papa (professor e cineasta) estarão na mesa "Kyringue Mbya Reko - O modo Guarani Mbya de ser criança", e Célia Xakriabá (professora indígena) divide com José Jorge de Carvalho (antropólogo da UnB) a mesa "Políticas afirmativas: resistência e emancipação". Fatinha do Jongo de Pinheiral (Maria de Fátima da Silveira Santos), Mãe Marcia du Sàkpáta (Marcia Regina Vital da Silva) e Lygia de Oliveira Fernandes são as convidadas da mesa "Encontros e saberes compartilhados".