Por Redação
Eu Amarelo, pela primeira vez em Niterói, em curta temporada no Teatro da UFF. A peça, com a atriz Cyda Moreno, apresenta um retrato contundente da ex-catadora de papel que se transformou na maior escritora negra do país do século XX: best seller com mais de um milhão de exemplares vendidos, traduzido em 13 idiomas para 80 países.
Carolina Maria de Jesus devotava a sua vida a um propósito: seu amor à literatura que a fez tirar do lixo as palavras, e das palavras, uma forma de combater as desigualdades do mundo. Não é à-toa que Carlos Drummond de Andrade a considerou “a mais necessária e visceral flor do lodo”.
O livro “Quarto de Despejo” serviu de base para a adaptação teatral e evidencia as inquietudes sociais e as experiências emocionais de quem vive na falta, também aponta a trajetória ímpar da escritora que deixou mais de 4.500 páginas em seus manuscritos. Ainda a espera de publicação.
O texto, com dramaturgia de Elissandro de Aquino, apresenta fragmentos da autora através de Quarto de Despejo, Diário de Bitita, Casa de Alvenaria, pesquisa biográfica e provérbios. Sua obra que inspira Conceição Evaristo, Elisa Lucinda entre outros apresenta um retrato de quem vive à margem, na luta pelo pão de cada dia sem perder a fé, a coragem e o sonho que transcende e inspira.
Segundo Elissandro, "Carolina é um estandarte-corpo-ato-palavra-manifesto-político a apontar a cristalização de uma sociedade que precisa repensar seus valores. Também aponta nuances frente ao racismo, a desigualdade social, ao feminicídio, ao genocídio. São tantas camadas descortinadas a partir dela que não nos resta muita coisa a não ser olhar a miséria de um povo e, consequentemente, a nossa. Trazer Carolina é mostrar um Brasil que ainda precisa de ajuda".
A literatura de Carolina Maria de Jesus só foi redescoberta na década de 90, graças ao pesquisador brasileiro José Carlos Sebe Bom Meihy e do norte-americano Robert Levine. No exterior, porém, ela nunca deixou de ser lida e estudada, sobretudo nos EUA, onde Quarto de Despejo, traduzido como Child of the Dark, é utilizado nas escolas.
A peça apresenta três momentos cruciais na vida da escritora: sua estadia na favela que resultou nos diários, a ascensão literária que a tornou um fenômeno editorial de vendas e o seu esquecimento total. Quarenta anos após a sua morte, o Brasil retorna a olhar para as palavras de Carolina que profetizara: “ninguém vai apagar as palavras que eu escrevi.”
Serviço
Evento: Eu amarelo: Carolina Maria de Jesus
Linguagem: Teatro
Datas: 01, 02, 03 , 08, 09, 10 de julho
Horário: 20 horas às sextas e sábados e domingo às 19h
Local: Teatro da UFF
Endereço: R. Miguel de Frias, 9 - Icaraí, Niterói - RJ, 24220-008
Valor: Inteira R$ 50,00 – Meia R$ 25,00
Lotação: 346 lugares
Duração: 75 minutos
Classificação: Livre