IVB: festa para a saúde pública

Priscilla Palhano, diretora presidente do IVB - Foto: Divulgação

Niterói
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O Instituto Vital Brazil I (IVB), em Niterói, reinaugura na sexta-feira, dia 15, sua Fábrica de Soros Hiperimunes, que se tornou possível graças à obtenção do Certificado de Boas Práticas de Fabricação, uma vitória alcançada pelo laboratório em seus mais de 100 anos de história. O IVB é uma instituição de ciência e tecnologia do Governo do Estado do Rio de Janeiro ligado à Secretaria de Estado de Saúde. É um dos laboratórios oficiais brasileiros e um dos quatro produtores de soros contra o veneno de animais peçonhentos para o Ministério da Saúde. Há quase seis anos a fábrica esteve interditada pela Anvisa e agora reabre cumprindo todos os aspectos regulatórios que a agência preconiza. Dada à relevância do IVB para o Brasil, é um momento de festa para a saúde pública. A diretora presidente do Instituto, Priscilla Pallano, conta para O FLU como foi esta conquista. 

1) Quais foram as principais dificuldades para reabrir a fábrica?
Os soros hiperimunes são medicamentos injetáveis do tipo intravenoso, desta forma todas as etapas de fabricação exigem níveis altíssimos de limpeza, descontaminação e qualidade tanto do ambiente quanto do produto. Após quase seis anos de paralisação do IVB, o governador Cláudio Castro nomeou nossa gestão com a missão de realizamos um diagnóstico para estruturar um plano de ação para a reabertura da fábrica, porém, como todo equipamento parado muito tempo, a fábrica foi uma caixinha de surpresas, pois a cada etapa superada, seus desdobramentos traziam inúmeros problemas novos que somente apareciam quando colocávamos uma área para funcionar. E assim foi com cada área da fábrica, uma sucessão de reparos e manutenções que revelavam problemas novos a cada passo do cronograma concluído. Com isso apareciam problemas de orçamento, pois o número de gastos não planejados subiam a cada dia, mas graças ao incentivo do governador conseguimos superar cada uma das barreiras, e em breve poderemos comemorar a entrega do primeiro lote de soro após a reabertura da fábrica.

2) Após o cumprimento das exigências à Anvisa, o IVB recebeu duas certificações importantes. Quais foram?

A Certificação De Boas Práticas De Fabricação (CBPF) De Insumos Farmacêuticos Ativos e a Certificação De Boas Práticas De Fabricação (CBPF) De Medicamentos. Nos 103 anos de existência, o IVB sempre manteve suas operações com Condições Técnico-operacionais (CTO), que são condições sanitárias básicas para funcionamento de uma indústria farmacêutica. A nova inspeção sanitária da Anvisa, realizada nesta gestão, não só desinterditou a planta fabril do Instituto, como também concedeu o CBPF, que é o mais alto nível dos padrões internacionais de qualidade que uma indústria farmacêutica pode atingir.

3) Qual a relevância da reabertura da fábrica de soros hiperimunes para a população?

Atualmente, no Brasil, existem apenas quatro fabricantes de soros hiperimunes, sendo todos eles laboratórios públicos, pois este tipo de medicamento não é produzido pelas indústrias farmacêuticas do setor privado. No entanto, cada um dos quatro fabricantes públicos nacionais encontram suas dificuldades ao longo do processo de fabricação, que vão desde interdição da fábrica à problemas de escalonamento e aquisição de insumos. Desta forma o SUS encontra-se desabastecido para alguns tipos de soro e caminhando para o desabastecimento para outros tipos. Com a reabertura da fábrica do IVB, a população poderá contar, de forma gratuita, com estes medicamentos nos polos especializados de atendimento, reduzindo o risco de morte e outros tipos de sequelas graves oriundas de picadas de cobra, aranha, abelha, e do contato com os agentes causadores de raiva e tétano. Este abastecimento do SUS, fortalecido pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, traz mais segurança para o Ecoturismo, visto que os praticantes de atividades ao ar livre poderão circular com a certeza de que caso recebam uma picada de animal peçonhento, terão um tratamento eficaz à disposição. Outro ponto relevante é que cada vez mais estão sendo notificados os casos de acidentes com animais peçonhentos em zonas urbanas, uma vez que com o avanço da intervenção humana em áreas de habitat natural destes animais, ocasiona um deslocamento deles em direção aos centros urbanos, em busca de comida e abrigo. Como resultado, nos deparamos com casos de aranhas peçonhentas em apartamentos da Zona Sul, que chegam em caixas de eletrodomésticos, cobras em casas de condomínios próximos a grandes avenidas, e outros tipos de animais silvestres como morcegos, gambás, micos e pacas, cada vez mais encontrados em residências urbanas com risco de transmissão do vírus rábico.

4) Como é ver o IVB voltar a produzir após quase seis anos parado e ser referência no Brasil?
Para a gestão do IVB, para os funcionários e colaboradores, e para o Governo do Estado do Rio, é muito gratificante ver a retomada da produção após 1 anos e 4 meses de muito trabalho. Foram mais de 2,5 mil intervenções para que pudéssemos alcançar os resultados obtidos no nosso primeiro ano de gestão do Instituto. E quem ganha com isso é a população, que terá acesso aos soros hiperimunes para o tratamento de envenenamento por acidente com animais peçonhentos, além do tratamento em casos de suspeita ou contração de raiva e tétano.