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Filipe Simões celebra dez anos do projeto 'Niterói de Bicicleta'

Por Redação

Ele destacou a importância da política pública voltada para a bicicleta neste período

Arquiteto e urbanista formado pela Universidade Federal Fluminense, Filipe Simões lidera o projeto Niterói de Bicicleta desde 2020, falou sobre as conquistas do projeto e o futuro da bike no município.

Filipe, o Niterói de Bicicleta chegou recentemente aos 10 anos de existência. Como você avalia que a Coordenadoria esteve alinhada à cidade nesta última década?

Niterói passou por uma grande transformação nos últimos dez anos e a importância das políticas públicas voltadas às bikes é reconhecida pela população. Isso porque o niteroiense entendeu que uma cidade que pedala é uma cidade melhor para todo mundo. Esse abraço da sociedade acompanha os esforços do Niterói de Bicicleta. Em 2013, Niterói tinha a malha cicloviária praticamente zerada. Hoje são mais de 80 quilômetros de ciclovias intensamente utilizadas, como a da Avenida Amaral Peixoto, da Marquês do Paraná e do tão sonhado Túnel Charitas-Cafubá. Temos o Bicicletário Arariboia, que é o maior bicicletário público coberto da América Latina. E está chegando, em breve, o sistema de bicicletas compartilhadas NitBike, as nossas roxinhas de duas rodas.

Quais são as principais conquistas da Coordenadoria?

Primeiramente, ajudar a colocar a bicicleta no coração do niteroiense. Em um passado recente havia quem protestasse contra as ciclovias e a implementação de infraestrutura cicloviária em geral. Isso não acontece mais, porque avançamos muito na conscientização e provamos firmemente a importância dessa pauta. Isso é uma conquista do Niterói de Bicicleta e suas políticas. Em segundo, os 84 quilômetros de malha cicloviária. Hoje é possível atravessar longos trechos da cidade percorrendo ciclovias, o que é um ganho para entregadores, para o aluno da UFF, para quem vai ao Rio e atravessa de barca, para quem quer cuidar da saúde, para o morador do Centro que quer ir à praia no fim de semana pedalando. Niterói hoje é, reconhecidamente, uma das cidades mais desenvolvidas do Brasil em relação ao uso da bicicleta – possivelmente a número 1. Esse reconhecimento também é conquista das políticas públicas dos últimos dez anos e reflete na qualidade de vida das pessoas.

Como a promoção do ciclismo contribui para questões como inclusão social?

As bicicletas são um dos meios de transporte mais acessíveis e democráticos que existem. Quando eu era aluno da UFF e não tinha grana para o transporte público, era de bicicleta que eu me locomovia para estudar, para socializar, para o meu lazer. É através da bicicleta que as parcelas mais vulneráveis da população podem acessar as oportunidades que a cidade oferece Ela hoje aparece também como uma ferramenta de trabalho para milhares de entregadores, mecânicos, guias turísticos e negócios de bairro por exemplo. Então ela tem esse componente muito forte de inclusão social. Historicamente esse uso ocorreu de forma precária e, por isso, investir na segurança do ciclista é, também, prover dignidade para quem tem na bicicleta sua alternativa de deslocamento. Também vejo a bicicleta como um vetor de cuidado com a saúde, de educação no trânsito e de cuidado com a cidade.

Quais são os planos futuros para o Niterói de Bicicleta? Há novos projetos ou iniciativas em andamento?

Nós temos uma série de entregas importantíssimas programadas para os próximos meses. A NitBike é a principal delas, porque será o maior sistema de bicicletas compartilhadas do País, quando comparado ao tamanho da população. Assim como o Rio tem aquelas bikes laranjinhas, teremos as nossas roxinhas. Esse ano o Niterói de Bicicleta também passará a ter sob sua responsabilidade direta, pela primeira vez, a manutenção das ciclovias da cidade. Isso vai dar uma celeridade importante no atendimento às solicitações de manutenção. Iremos entregar a ampliação da malha cicloviária, que chegará a 100km até o final do ano e o Polo Cicloviário, um projeto muito importante de educação e formação de ciclistas e motoristas que combina cultura, arte, empreendedorismo e muito mais.

Niterói já é, inegavelmente, a cidade das bicicletas. O que mais ainda é possível fazer?

Eu cheguei ao Niterói de Bicicleta em 2015, como estagiário, e, desde 2020, coordeno o órgão. Foi neste período que transformamos este projeto em órgão municipal com uma das carteiras de projetos mais inovadoras do município. Essa trajetória de quase 10 anos me deu a possibilidade não apenas de integrar essa grande estruturação das políticas cicloviárias, mas também de pensar em quantas coisas ainda podemos fazer. Niterói já é a cidade das bicicletas, mas há potencial para fazer, com mais tempo, muito mais. É possível avançarmos com mais ciclovias para regiões como a Zona Norte e Pendotiba, onde temos muitos trabalhadores pedalando. É possível ampliar o cicloturismo, que já estamos fortalecendo com o plano municipal de cicloturismo de Niterói. É possível incentivar o uso das bicicletas elétricas como alternativa ao automóvel. Tudo isso será possível de ser feito se mantendo um compromisso contínuo com a mobilidade urbana sustentável.

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