Fiocruz recomenda que capital prorrogue medidas restritivas

Por Agência Brasil

Também é necessário intensificar a fiscalização do cumprimento do lockdown

Pesquisadores do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiram ontem uma nota técnica recomendando a prorrogação das medidas de distanciamento social adotadas pelo município do Rio desde 26 de março. Segundo a análise, as restrições reduziram a circulação de pessoas, mas ainda é cedo para qualquer flexibilização.

"Ainda que os dados sugiram que houve um aumento no distanciamento social em decorrência das medidas restritivas aumentadas, o efeito de mitigação no avanço da pandemia foi tímido", avaliam os pesquisador no texto, ressaltando que são necessários ao menos 14 dias e a adesão da população para que os efeitos positivos do distanciamento social sobre os dados epidemiológicos possam ser percebidos.

A nota traz uma avaliação de uma série de indicadores sobre a pandemia e o distanciamento social, que consideram
o período de 26 de março a 2 de abril, quando o município antecipou os feriados de Tiradentes e São Jorge e decretou o fechamento de praias e diversos tipos de estabelecimentos. As restrições foram prorrogadas até hoje (9).

Para analisar a circulação de pessoas na semana analisada, os pesquisadores reuniram dados do Google Mobility Report, que comparam a movimentação atual de pessoas com o período antes da pandemia. Em fevereiro de 2021, a permanência em domicílio era 10% maior que em janeiro e fevereiro de 2020, e esse patamar subiu para 20% com a adoção das medidas restritivas no fim de março. 

As medidas impactaram fortemente em menos 60% o fluxo de pessoas em locais de trabalho, em menos 70% nas estações de transporte e em menos 50% em lojas e locais de recreação, o que, para a Fiocruz, mostra que as restrições adotadas foram eficazes. Já para estabelecimentos que permaneceram abertos, como farmácias e mercados, o fluxo cresceu 30%. 

Os cientistas avaliam que é necessário intensificar a fiscalização do cumprimento das medidas de prevenção em áreas de lazer, praias, farmácias, mercearias e supermercados. No caso desses estabelecimentos, como houve aumento da circulação, é necessário maior controle da entrada de pessoas.  

O estudo destaca que os registros de casos e óbitos apresentaram alta entre 26 de março e 2 de abril, quando as medidas começaram a  vigorar. Os cientistas explicam, no entanto, que são necessários 14 dias de distanciamento social, com adesão da população, para que o efeito positivo possa ser observado. 

Na nota técnica, os cientistas apontam ainda que o registro de novos casos ocorre com atraso, o que impulsiona a continuidade da tendência de aumento. Já no que se refere às mortes, a intensificação da alta no período analisado pode estar relacionada ao colapso na rede de serviços de saúde, já que o Rio de Janeiro passou de 90% de ocupação das vagas para pacientes graves com a covid-19.