Brunno Dantas/TJ-RJ

Coronel Jairo levanta dúvidas sobre acusação e mostra nulidades processuais no caso Henry Borel

Por Redação

Ex-deputado expõe contradições no caso ocorrido em março de 2021 e diz que seu filho, Dr. Jairinho, é inocente

O ex-deputado Coronel Jairo, pai do ex-vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho, acusado ao lado de Monique Medeiros, da morte do menino Henry Borel, de 4 anos, em março de 2021, apresentou novos elementos que podem dar uma reviravolta no caso que ganhou repercussão nacional.

Em entrevista à "TV Última Hora Online", o antigo deputado levantou dúvidas sobre a acusação e revelou algumas nulidades processuais. Jairo argumentou que as lesões encontradas no corpo da criança poderiam ter sido causadas pelas manobras para tentar reanimar a vítima realizadas no hospital.

"Foram realizadas entre 10 e 12 mil compressões cardíacas, além de múltiplas injeções de adrenalina e duas intubações. Como é possível que essas intervenções não tenham sido consideradas como possível causa das lesões?", questiona o ex-deputado, lembrando que os laudos iniciais não indicavam sinais de violência, diferente dos realizados semanas após a morte do menino.

"O perito fala assim: 'Ó, examinei o corpo'. Não examinou nada. Ele não tava nem lá no dia 8, ele confessou. No dia 8, ele não tava nem lá, e a gente sabe onde ele tava. No IML, ele não tava", afirmou o Coronel, sugerindo irregularidades na condução da perícia.

Ele acusa a investigação de má-fé para tentar prejudicar Jairinho. "O delegado criminosamente esconde o vídeo que Jairinho socorre o menino, com visível má-fé, e ainda inquirido sobre tal fato na 1º audiência informa que não entendeu aquele tipo de socorro e que o atendimento não era profissional, numa demonstração de nenhum entendimento de medicina, prejudicando Jairinho ao não colocar nos autos o atendimento por ele procedido", afirmou.

Ele apresentou na entrevista alguns questionamentos sobre o período que Henry passou com o pai, o vereador eleito Leniel Borel, antes de retornar para o apartamento onde vivia com a mãe e o padrasto Jairinho.

"O pai entrega o filho todo vomitado e não o leva para socorrer. Por que isso não foi investigado?", indagou o ex-deputado, detalhando que Henry ficou com o pai de 9h de sábado até às 19h30 de domingo, questionando o que teria ocorrido neste tempo.

"Ninguém sabe a dinâmica. Foi pra piscina, foi pro parquinho, andou num carro. Por onde? Ninguém sabe a dinâmica", argumentou.

Coronel Jairo também colocou sob suspeita a conduta da polícia e do Ministério Público, alegando que houve violação de prerrogativas da defesa, com realização de diligências sem a presença de advogados e possível quebra de sigilo das comunicações entre acusados e seus defensores.

"O delegado não foi ao apartamento, não foi ao velório, não foi a lugar nenhum. Tudo isso que prescreve são as premissas do inquérito", afirmou Jairo, questionando o motivo do caso não ter sido investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital.

"Eles botaram na 16ªDP (Barra) porque eles queriam ser protagonistas disso e se deram bem, foram promovidos, ganharam medalha", alegou.

Ele desmentiu as informações de que Jairinho e Henry não tinham bom relacionamento.

"Jairinho e Monique se conheceram, namoraram durante 4 meses, moraram juntos durante 50 dias. Após a tragédia, permaneceram juntos até o dia da prisão, no dia 08/04. O Henry cantava o jingle do Jairinho, dormia com o bonequinho dele. Ele foi para nossa casa de praia e ficou lá brincando, pulando. É mentira que não se davam bem", afirmou.

O ex-deputado afirmou que existem inconsistências nos depoimentos da babá e também da mãe do menino.

"A babá, por exemplo, que chegou também no dia 15 de janeiro... você sabe que a babá foi babá do Henry por quanto tempo nesses dois meses? 18 horas", disse.

"Agora ela (Monique) já quer até mudar, por orientação do advogado. Aí ela fala assim: 'Não, mas é que tinha um advogado do Jairinho'. Mentira, ela falou isso pra médica lá de manhã", completou.

Ele criticou a manutenção da prisão preventiva dos acusados, argumentando que isso viola os princípios constitucionais e atrapalha o direito de defesa.

"Como é que pode ter um casal preso há quase 4 anos, que eles estão presos preventivamente? Quase 4 anos preventivamente, que é um absurdo, um absurdo", declarou o Coronel, questionando as razões para manter Jairinho preso, considerando seu histórico como vereador e a ausência de antecedentes criminais.

O antigo deputado levantou questionamentos sobre o comportamento de Leniel no dia da morte da criança.

"Ele começou a virar marido e pai do Henry a partir de quando soube que a Monique estava com Jairinho. Aí ele tentou atrapalhar. "Ele voltou no condomínio e ficou nas redondezas às 9:30. Ó, ele ficou ali nas redondezas de 9:30 até 10:16 ou 10:20. Que que ele ficou fazendo no condomínio?", questionou.

A defesa de Dr. Jairinho e Monique Medeiros já apresentou recursos questionando diversos aspectos do processo. Há expectativa de que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro se manifeste sobre esses pontos nas próximas semanas.

"Espero em Deus, quero continuar acreditando na Justiça do meu país, quero continuar acreditando que moramos num estado democrático de direito. Não estou pedindo favores, estou pedindo Justiça", finalizou.

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