"Au-au!" — O latido da capivara que pede socorro (e atenção)

Imagem Gazeta Rio - Foto: .

Rio de Janeiro
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Você sabia que capivaras latem? Pois é. O som, que lembra um latido rouco, costuma ser um sinal de alerta — e, nos tempos atuais, pode ser também um pedido de socorro. Cada vez mais vistas em parques, ruas e até calçadas do Rio de Janeiro, as capivaras vêm tentando sobreviver em meio ao avanço da cidade sobre os seus habitats. Mas será que estamos preparados para conviver com elas?

Recentemente, vídeos viralizaram nas redes sociais mostrando capivaras circulando tranquilamente pelas margens da Lagoa Rodrigo de Freitas, pelo Canal do Marapendi, em Jacarepaguá, e nos entornos da Quinta da Boa Vista. Muitos reagiram com espanto, outros com encanto. Mas por trás da simpatia dessa figura carismática — a maior roedora do planeta — está um sinal claro: os animais silvestres estão tendo que se adaptar à vida urbana porque os humanos invadiram seus territórios naturais.

ONG Amigos da Capivara: quem late por elas
Fundada em 2018 por biólogos, veterinários e defensores do meio ambiente, a ONG Amigos da Capivara atua na proteção e monitoramento desses animais em áreas urbanas e de transição no Estado do Rio de Janeiro. A organização promove ações educativas, campanhas de resgate e articulações com o poder público para garantir a preservação da fauna silvestre.

“A capivara virou símbolo da convivência forçada entre homem e natureza. E como qualquer convivência, ela precisa de regras, respeito e informação”, afirma Júlia Mendonça, coordenadora de educação ambiental da ONG.

O amigo da capivara... e o amigo da onça
A capivara é dócil, vegetariana e muito sociável. Vive em grupos e precisa de acesso constante à água para se alimentar, se proteger do calor e se reproduzir. No entanto, o crescimento urbano desordenado, o assoreamento de rios e a destruição de áreas de vegetação nativa têm empurrado esses animais para avenidas, jardins e canaletas de escoamento.

Ao mesmo tempo, surgem riscos: atropelamentos, ataques de cães, contato com lixo e doenças transmitidas por carrapatos, como a febre maculosa. E aqui entra o dilema: ser amigo da capivara é também ser amigo da onça, no melhor sentido da expressão — ou seja, amigo da fauna como um todo. Preservar uma espécie é proteger o ecossistema inteiro.

Presença das capivaras no Rio de Janeiro
Elas são encontradas em áreas com vegetação ciliar e corpos d'água. Alguns dos principais pontos onde se pode encontrar capivaras no Estado do Rio de Janeiro:

Lagoa Rodrigo de Freitas (Zona Sul)

Jardim Botânico e Parque Lage

Marapendi e Barra da Tijuca

Quinta da Boa Vista e Campo de Santana

Região de Vargem Grande e Camorim

Parques da Região Metropolitana de Niterói (como o Parque da Cidade e entorno da Lagoa de Piratininga)

Municípios da Baixada Fluminense, especialmente próximos a rios e canais

O que fazer ao encontrar uma capivara?
Mantenha distância. Não tente alimentar, tocar ou assustar o animal.

Evite aglomerações. Aproximar-se em grupos ou com celular na mão pode causar estresse ao bicho.

Atenção com cães. Mantenha-os na coleira para evitar ataques.

Observe o comportamento. Caso o animal esteja ferido, desorientado ou preso, chame os órgãos responsáveis.

Quem chamar?
Em caso de presença de animais silvestres em áreas urbanas, os órgãos indicados são:

Linha Verde do Ibama: 0800 61 8080

Instituto Estadual do Ambiente (Inea): (21) 2334-5933

Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Rio): 1746

Guarda Municipal Ambiental: 153

ONGs locais de proteção animal, como a própria Amigos da Capivara

Soluções que dependem de nós
Preservação das áreas verdes urbanas: criar e manter corredores ecológicos.

Educação ambiental: nas escolas, nos bairros, nas redes sociais.

Urbanismo consciente: planejamento urbano que respeite os espaços da fauna.

Denúncia e vigilância: fiscalizar ações que ameacem habitats naturais.

Rir, resistir e preservar
No espírito leve e bem-humorado do carioca, a capivara já virou meme, personagem e ícone. Mas ela também nos faz refletir: estamos ouvindo os latidos da natureza? Ser amigo da capivara é ser amigo da vida. E isso inclui ser responsável por ela.

Por Gazeta Rio/Ricardo Bernardes