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Último compasso de um dos maiores pandeiristas do Brasil

Por Denise Emanuele Paz Carvalho

Bira Presidente deixa um legado inigualável: transformou simples rodas de quintal em movimento artístico, consolidou o pandeiro como elemento de força e refinamento, e ajudou a fundar uma sonoridade que marcou gerações. Sua influência reverbera em cada toque, em cada samba; seu nome, eternizado como sinônimo de classe e alma do gênero.

Composições e influências
Embora não fosse compositor prolífico, Bira deixou obras que ganharam versões emblemáticas, como “Andei, Andei” (1987) e “Vem Sambar” (1996), gravadas por nomes como Beth Carvalho, além de versões no repertório de grupos de pagode


Despedida e homenagem
Nas redes sociais, sambistas, amigos e entidades lamentaram a partida de Bira como encerramento de uma era. O velório será realizado nesta segunda, com cerimônia no Cemitério Jardim da Saudade (Sulacap), conforme confirmado pelo Cacique de Ramos


Fundo de Quintal: da periferia à transformação do samba


Formação e revolução sonora
No fim da década de 1970, rodas de samba realizadas na sede do Cacique de Ramos atraiam figuras como Beth Carvalho. As inovações percussivas — o tantã de Sereno, o repique-de-mão de Ubirany, o banjo-cavaquinho de Almir Guineto — celebrizaram o chamado “pagode”
No álbum “De Pé no Chão” (1978), Beth incorporou essa batida moderna, gravando faixas com os elementos do quintal, fator decisivo na criação do Fundo de Quintal, oficializado em 1979


Carreira e discografia
O primeiro disco, “Samba é no Fundo de Quintal” (1980), marcou o início da discografia, que superou a casa dos 30 álbuns, incluindo clássicos como É Aí Que Quebra a Rocha (1991) e A Batucada dos Nossos Tantãs (1993)Em 2015, o grupo foi reconhecido com um Grammy Latino na categoria samba/pagode
O pandeiro de Bira
Bira levou o pandeiro a outro patamar, transformando-o em instrumento de diálogo musical e protagonismo rítmico: o que antes era acompanhamento ganhou autonomia e personalidade — a famosa levada do samba do Cacique . Sua batida refinada conquistou ouvintes e artistas como Zeca Pagodinho, Emílio Santiago e Dudu Nobre.

Títulos e igualdade de integrantes
PessoaInstrumento / FunçãoPeríodo no grupo
Bira PresidentePandeiro, vocais1978–2025 (falecido)
UbiranyRepique de mão, vocais1978–2020 (falecido)
SerenoTantã, vocais1978–presente
Do núcleo inicial, apenas Bira e Sereno permaneceram até hoje, testemunhando décadas de som, renovação e resistência cultural.

 

Por Gazeta Rio

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