Por Cristina Cruz
Alunos do colégio Municipal Amaral Peixoto, Lindo Parque, São Gonçalo, tiveram uma aula pra lá de diferente. Cerca de 20 crianças foram levadas até a Praia das Pedrinhas, para realização do projeto de Educação Ambiental, juntamente aos bolsistas e pescadores do projeto Águas da Guanabara. No local foram ministradas diversas palestras sobre as áreas que são trabalhadas no projeto, como Direito, Biologia, Veterinária, Geografia.
Os tópicos abordados foram: o papel do Médico Veterinário no setor de Alimentos, Tecnologia de Alimentos, Produtos de Origem Animal, Microrganismos e Bactérias, Armazenamento, Zoonose. Cada bolsista e pescador explicou o que faz e como faz, pescadores mostraram como jogam a rede e como ainda vem lixo mesmo na parte rasada praia. Os alunos também tiveram um tempo para fazerem perguntas e tirar dúvidas.
A bolsista do projeto e estudante de direito, Maria Heloísa do Rosário, falou sobre a decomposição de materiais não orgânicos e como o descarte indevido desses materiais em rios e mares afetam os ecossistemas, por conta da mortalidade dos animais e plantas causada pela poluição.
“Dos materiais que são mais encontrados e coletados pelos pescadores, decidi falar com os alunos sobre o tempo de decomposição daqueles que eles têm mais acesso e utilizam no seu dia a dia, como, plásticos, garrafas pet, borracha, vidro e isopor. Os alunos não sabiam por exemplo, que o plástico é decomposto entre 400 à 450 anos, a borracha o tempo é indeterminado, assim como o vidro e o isopor levam cerca de 400 anos, eles ficaram bastante impactados com essas informações”, explicou a bolsista.
A Médica Veterinária, Larissa Ferreira, questionou os alunos, sobre o papel do veterinário; sobre os produtos que vem a partir do leite; microrganismos e bactérias; rótulos de alimentos e algumas zoonoses.
O Projeto Águas da Guanabara tem como principal objetivo realizar a limpeza da Baía de Guanabara ajudando assim, na melhora das condições de trabalho dos pescadores. Nos mais de 10 meses de atuação o projeto já retirou das encostas e dos mangues da baía mais de 800 toneladas de lixo flutuante. Muito do lixo que a baía recebe vem dos rios que desaguam em suas águas, sendo necessário uma conscientização sobre o papel do lixo na sociedade.
“A nossa Baía hoje está completamente suja, cheia de plástico, o que prejudica não só a pesca, mas os peixes. Outro dia peguei uma tartaruga engasgada com plástico e por sorte consegui salvá-la. Tenho 23 anos na pesca e hoje estamos aqui lutando para melhorar o nosso ambiente pesqueiro”, explicou o pescador, Valter Salles Moreira.
O pescador, Carlos Antônio Marinho que vive da pesca profissionalmente há 30 anos, aproveitou a ocasião para dar um conselho as crianças. “evitem jogar lixo nos córregos, nos rios, na praia, isso tudo contribui para cada vez mais aumentar a poluição da Baía de Guanabara. Cada um fazendo sua parte, jogando seu lixo na lixeira, não polui a baía. Nós sonhamos em ver essa baía despoluída”, disse Carlos Antônio.
Depois de escutarem atentamente tudo que foi dito, os alunos ainda vivenciaram a experiencia de um pescador. Tiveram a oportunidade de entrarem nos barcos de pesca juntamente com eles. E ao fim da aula, voltaram pra casa com a mochila cheia de novas experiencias, e muitas informações para refletirem.
“Sempre tive vontade de ver os pescadores de perto e aprendi nessa aula que temos que priorizar os animais, e sempre cuidar dos peies e assim deixar a natureza mais viva. Em relação ao lixo deveriam existir mais lixeiras nas praias”, disse a aluna Nicole da Silva de 12 anos.
Já a amiga, Larissa Conceição da Cruz, disse que achou a aula muito importante. “Os pescadores aqui dão tudo de si, eu fiquei impressionada com isso, prestei bastante atenção em tudo que foi dito, e tenho certeza que se as pessoas não jogarem mais lixo no mar, teremos mais peixes. Eu também não sabia o tempo de decomposição do plástico, aprendi aqui, mas acho que todos devem fazer sua parte em nome do meio ambiente”.
A professora da turma, Glaucia Batista, disse que em sala de aula dos alunos querem sempre aprender de uma forma dinâmica, e nada melhor que estar em contato com a natureza. “Esse projeto tem esse viés de educação ambiental e as crianças precisam conhecer esse lado. A gente aplica em sala de aula, e aqui eles têm o contato direto e veem na natureza a questão da problemática dos resíduos sólidos, nas praias, nos mangues, nas ilhas. Então a ideia foi justamente essa, alinhar o que a gente aprende em sala de aula, com o que acontece na pratica do projeto Águas da Guanabara”.
Atualmente o projeto atua em São Gonçalo e Magé na Baixada Fluminense, com previsão de expansão para outras colônias em torno da baía de Guanabara.
Localizada no Estado do Rio de Janeiro a Baía de Guanabara, é um corpo hídrico, dotado de grande importância histórica, econômica, ambiental, turística e paisagística.
Atualmente a região passa por uma intensa atividade pesqueira e possui grande importância ecológica, seja por abrigar vida marítima, assim como aloca em suas margens importantes manguezais que atuam na manutenção da temperatura local.
Contando com uma equipe multidisciplinar, o grupo Águas da Guanabara, também produz material de pesquisa para trazer a luz a questão ambiental e contribuir para a discussão e preservação do meio ambiente.
A FEPERJ, é uma entidade federativa de âmbito estadual, que congrega as 26 Colônias de Pescadores do Estado do Rio de Janeiro.